Os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 completam um ano nesta segunda-feira (8) com um saldo de 1,3 mil pessoas com denúncias aceitas pela Justiça e 30 já condenadas pelos ataques aos prédios em Brasília. Desse número, três réus que já passaram por julgamento são de Santa Catarina.
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Fotos tiradas pelos catarinenses condenados pela invasão os prédios dos Três Poderes com os próprios celulares foram obtidas por meio de perícias e incluídas nos votos do ministro Alexandre de Moraes, relator dos processos sobre a invasão de 8 de janeiro no Supremo Tribunal Federal (STF).
Os votos de Moraes abriram o julgamento e serviram de base para o posicionamento dos demais ministros, que votaram a favor das condenações. As sessões envolvendo réus catarinenses ocorreram em outubro e novembro do ano passado.
Entre as imagens incluídas nos votos há fotos de policiais e agentes do Exército tentando combater os invasores, grades de proteção derrubadas e vidros quebrados. Uma das imagens mostra também uma barraca montada em frente ao quartel do Exército, o que indicaria a intenção de um dos réus de SC de permanecer na capital federal — em depoimento, ele teria afirmado que chegou a Brasília apenas para o ato de 8 de janeiro.
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Veja fotos que ajudaram a condenar catarinenses no 8 de janeiro
Os atos de 8 de janeiro
Os atos antidemocráticos de 8 de janeiro ocorreram com a invasão e depredação dos prédios dos Três Poderes uma semana após a posse da nova gestão do governo federal, no início de 2023. Cerca de 4 mil manifestantes, vindos de diferentes estados do país levados por ônibus custeados por financiadores, reuniram-se no quartel do Exército em Brasília, onde apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro acampavam desde o fim do segundo turno das eleições presidenciais, e seguiram para a Praça dos Três Poderes no início da tarde do dia 8.
Os bolsonaristas radicais depredaram o Palácio do Planalto, o Congresso e o STF. Objetos foram destruídos, gabinetes de autoridades invadidos, documentos rasgados e armas foram roubadas. Muitos dos envolvidos transmitiram ao vivo as imagens dos ataques em suas contas em redes sociais.
Os extremistas avançaram sobre as grades e destruíram obras de arte valiosas, como a tela “Mulatas”, pintada em 1962 por Di Cavalcanti, e “Araguaia”, vitral de Marianne Peretti, de 1977, que fica no salão verde da Câmara dos Deputados.
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Um relógio trazido ao Brasil por dom João VI em 1808 também foi destruído. O objeto foi desenhado por André-Charles Boulle e fabricado pelo relojoeiro francês Balthazar Martinot no fim do século 18, poucos anos antes de ser trazido ao Brasil. A peça estava abrigada no terceiro andar do Palácio do Planalto, onde está localizado o gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quando o local foi invadido por centenas de golpistas. Esses objetos precisaram ser levados à restauração durante o ano passado.
Processos do 8 de janeiro em números
- 1.345 denúncias aceitas pelo STF, das quais:
- 1.113 foram suspensas para elaboração de acordos de não persecução penal com a Procuradoria-Geral da República. São casos de pessoas que acamparam em frente a quartéis e incitaram a tentativa de golpe, mas não participaram diretamente da invasão da Praça dos Três Poderes. Nos acordos, os réus reconhecem a culpa e se comprometem a prestar medidas como serviços comunitários e pagamento de multa para não serem julgados;
- 232 casos estão sendo levados a julgamento, com 30 deles já com condenação e 29 com julgamento em aberto até 5 de fevereiro.
Contrapontos
A reportagem fez contato com a defesa de Ângelo Sotero de Lima, que não quis se manifestar. As defesas de Gilberto Ackermann e Raquel de Souza Lopes não foram localizadas.
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