*Por Anemona Hartocollis
Com o coronavírus ainda fazendo muito estrago e o semestre do outono se aproximando, as faculdades e as universidades estão pedindo a grande parte de seus alunos que fique em casa. Segundo elas, os que têm permissão para entrar no campus viverão num mundo em que as festas serão proibidas, todos serão frequentemente testados para o coronavírus e – talvez o ponto mais draconiano – os alunos participarão de muitas, se não de todas, as aulas remotamente, de seu dormitório.
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Para garantir o distanciamento social, muitas faculdades estão dizendo que será permitido que apenas 40 a 60 por cento de seus alunos retornem ao campus e morem nos dormitórios estudantis, geralmente divididos por ano de curso.
A Universidade Stanford divulgou que os alunos do primeiro e do segundo ano estarão no campus quando as aulas começarem, no outono boreal; já os do terceiro e os do quarto estudarão remotamente. Harvard anunciou que haverá principalmente alunos do primeiro ano e alguns em circunstâncias especiais no campus no outono; porém, na primavera do Hemisfério Norte, os calouros sairão, e será a vez de os alunos do quarto ano frequentarem o campus.
Ao mesmo tempo, pouquíssimas faculdades estão oferecendo descontos nas mensalidades, mesmo para aqueles que estão sendo obrigados a frequentar as aulas em casa.
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Os professores, os alunos e os pais parecem estar em conflito em relação ao funcionamento desses planos. Pascale Bradley, aluno do quarto ano de literatura inglesa e francesa na Universidade Yale, está ansioso para rever alguns colegas de classe. Yale está permitindo que os alunos do primeiro, do terceiro e do quarto anos retornem ao campus no outono boreal, mas quase todas as aulas serão ministradas remotamente. “A vida social não será a mesma. Não que os alunos estejam chateados por não poder haver grandes festas. As pessoas estão ansiosas por pequenas interações diárias, por poder se sentar e estudar com alguém, por poder fazer uma refeição com outra pessoa”, disse ela.
Seu pai, Kirby Bradley, é menos tolerante. “Esse parece ser o pior dos mundos. Estarão expondo os alunos a um maior risco de contrair o vírus, algo que é justificável ao optar pelo aprendizado presencial, que todos concordam ser melhor do que o on-line. Mas não, eles estudarão de forma remota, no campus! Pagando a mensalidade completa!”, argumentou Bradley, dono de uma empresa de produção de vídeo.
Os administradores das faculdades dizem estar se esforçando e fazendo o melhor possível para trazer os alunos de volta ao campus, para que aproveitem pelo menos alguns dos benefícios sociais e acadêmicos de estar com os colegas. “Essa pandemia está entre as piores crises a atingir a Princeton, ou a educação universitária de maneira mais ampla. O modelo de educação preferido de Princeton enfatiza o engajamento pessoal, mas é justamente ele que espalha esse terrível vírus”, observou Christopher L. Eisgruber, reitor da Universidade de Princeton, em seu anúncio de reabertura.
Muitas universidades estão exigindo contratos de comportamento, que incluem a anuência dos alunos em usar máscara em público, realizar testes regulares para o coronavírus e limitar as viagens e a socialização. Se violarem as regras, poderão sofrer punições.
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As universidades dizem estar mantendo um controle rígido sobre os alunos, já que a trajetória do vírus ainda é incerta. Várias universidades citaram o recente aumento de casos do vírus em alguns estados como justificativa para manter as aulas virtuais, mesmo para os alunos que moram no campus.
Os professores também estão preocupados. Mais de 850 membros do corpo docente da Georgia Tech assinaram uma carta que se opõe aos planos de reabertura da universidade no outono boreal, segundo os quais o uso de máscara no campus não seria obrigatório, apenas “fortemente encorajado”.
O Sistema Universitário de Montana também está enfrentando uma reação do corpo docente por causa de sua política do uso de máscara.
Os alunos internacionais podem ser os mais afetados. Muitos regressaram ao seu país de origem e não poderão retornar aos Estados Unidos devido às restrições de viagens e vistos. O Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos Estados Unidos declarou que os vistos de estudante não seriam emitidos para pessoas matriculadas em escolas ou programas totalmente on-line para o semestre do outono. Os alunos desses programas não terão permissão para entrar nos Estados Unidos, e aqueles que já estão no país “devem sair ou tomar outras medidas, como transferir o curso para uma escola que ofereça aulas presenciais, para se manter na legalidade”. Isso está sendo contestado na Justiça.
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Muitas universidades estão se preparando para a possibilidade de que os alunos do terceiro e do quarto anos tranquem o curso até que as coisas voltem ao normal. As escolas estão avisando os alunos de que, se o fizerem, pode não haver vagas nos dormitórios em um ano ou dois, quando voltarem.
A Universidade Cornell está contrariando a tendência e permitindo que todos os seus alunos retornem ao campus, oferecendo uma mistura de aulas presenciais e on-line. A instituição informou que baseou sua decisão em uma análise que concluiu que um semestre com aulas inteiramente remotas poderia resultar em muito mais alunos infectados – até dez vezes mais –, em comparação à reabertura do campus. Isso ocorre devido à probabilidade de que, mesmo que as aulas fossem conduzidas remotamente, muitos alunos voltariam aos dormitórios fora do campus, em Ithaca, no estado de Nova York, e a universidade não seria capaz de exigir o teste do vírus ou impor restrições de comportamento.
A Universidade da Pensilvânia também está adotando um “modelo híbrido” para o outono boreal, com aulas presenciais “que puderem ser ministradas com segurança e que forem essenciais para as necessidades acadêmicas do currículo do curso”, enquanto os demais cursos, cujas aulas são dadas em grandes auditórios, serão ministrados on-line.
Muitas escolas suspenderam sua política de notas em meio ao caos do semestre da primavera, substituindo-a por um sistema de aprovação/reprovação. Agora, no entanto, dizem estar planejando restaurar a política normal de notas.
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