Ajeita a camisa, imposta a voz, olha fixo para a câmera, publica uma selfie nas redes sociais. Assim tem sido parte da rotina dos cinco candidatos a prefeito de Blumenau nestes primeiros dias de corrida eleitoral. Tomadas que podem soar como naturais aos concorrentes, quase todos já acostumados com a mídia, mas que revelam uma espontaneidade só alcançada com muito ensaio e produção. As coordenações dos partidos precisaram se adaptar com mudanças como o limite menor de gastos e a duração de apenas 45 dias para a divulgação aos eleitores. Mas as estratégias de marketing ainda são vistas como roteiros capazes de garantir um gran finale na votação em 2 de outubro.

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Para a publicitária Janine Kuroski, mestre em Administração e dona de uma empresa de pesquisa e marketing de Blumenau, a diminuição do tempo de campanha pela metade não permitirá medir o retorno do eleitorado sobre ideias apresentadas. Com isso, será necessário ter as propostas de governo já decididas e planejadas. Os discursos, o corpo a corpo e a espontaneidade na internet, onde há menos restrições, são dicas para explorar melhor a divulgação. Confira ao lado o que os candidatos preparam:

Arnaldo Zimmermann (PCdoB)

Em poucas palavras e direto ao ponto. Essa deve ser a tônica da campanha do jornalista e professor universitário Arnaldo Zimmermann (PCdoB). Os primeiros programas estão sendo concluídos, mas o tempo será curto (a divisão foi divulgada na quinta e Arnaldo terá 35 segundos no bloco e mais 2 minutos e 27 segundos nas inserções ao longo do dia). Na internet, o candidato acredita que as candidaturas com mais estrutura têm vantagem por terem mais militantes e também perfis falsos – os fakes. Com isso, a aposta é aproveitar debates e entrevistas para apresentar as faces do candidato que vão além da de radialista.

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– O Arnaldo é muito conhecido pela voz, mas queremos apresentar a imagem dele, a trajetória, a experiência em gestão – adianta a jornalista Miriam Mesquita, integrante da produtora que atua na campanha.

Ivan Naatz (PDT)

A campanha do candidato Ivan Naatz (PDT) mira a internet. Um terreno mais fácil e barato, ainda que renda dúvidas sobre o que pode ou não ser feito. Entre as redes sociais mais focadas estão WhatsApp, Facebook e Instagram, onde anúncios em verde, azul e branco já promovem nome e número do candidato. Na TV e rádio, Naatz terá 33 segundos no bloco e mais 2 minutos e 22 segundos nas inserções durante o dia. A estratégia é intercalar as divulgações na web com discursos fortes e apresentação das propostas em entrevistas e debates, onde o espaço é igualitário.

– Com um celular a gente consegue acompanhar o candidato na rua, sem maquiagem e com baixo custo – afirma o coordenador audiovisual da campanha de Naatz, Clever Paulo Marx.

Jean Kuhlmann (PSD)

Falar com as pessoas é uma espécie de mantra para a equipe de Jean Kuhlmann (PSD). Um dos objetivos é mostrar uma imagem comunitária de Jean recordando sua trajetória. O programa de TV deve ser mais leve que em 2012. Um trunfo é o vice Alexandre José (PRB), que deve dividir com Kuhlmann o papel de apresentação e locução. O azul dá o tom da campanha, das camisas do candidato aos materiais já divulgados. Na TV, Kuhlmann terá 2 minutos e 35 segundos nos blocos diários mais 10 minutos e 52 segundos nas inserções distribuídas das 5h à 0h.

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– Acredito que as redes sociais serão mais importantes do que o rádio e a TV, ao menos neste início de campanha. Nesse espaço vamos mostrar o dia a dia deles e veicular os programas – conta a diretora-geral de TV, rádio e novas mídias da campanha, Laine Milan.

Napoleão Bernardes (PSDB)

Uma eleição mais racional do que emocional. Essa é a aposta da equipe do candidato à reeleição Napoleão Bernardes (PSDB). A campanha promete repetir a linha de propostas de 2012, focando nas realizações e no que a experiência para problemas como o transporte coletivo. O formato televisivo deve se aproximar mais dos comerciais, já que haverá mais inserções e menos tempo nos blocos diários. As redes sociais também serão protagonistas. Napoleão terá o maior tempo de TV, com 4 minutos e 47 segundos nos blocos e mais 20 minutos e 6 segundos nas inserções diárias.

– O eleitor está raciocinando e decidindo sobre uma base mais sólida, mais racional. Ele deseja saber o que os candidatos já realizaram e qual sua experiência de gestão – conta o publicitário Onor Filomeno.

Valmor Schiochet (PT)

De camisa social cor creme, o candidato Valmor Schiochet (PT) se apresenta em frente a uma biblioteca particular em um vídeo publicado no Facebook. É uma espécie de prévia do que deve ser a estratégia petista. A intenção é mostrar ao eleitor o que o partido encara como o maior diferencial do candidato: ser alguém de fora da política convencional. A comunicação pretende explorar o conhecimento do professor universitário sobre os problemas da cidade. Na TV, Schiochet ficou com o terceiro maior tempo, com 1 minuto e 28 segundos nos programas diários e mais 6 minutos e 10 segundos nas inserções.

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– Vai ser uma campanha militante, de baixíssimo custo, e o centro dela serão as visitas, o corpo a corpo, a conversa com os eleitores – conta o presidente do PT em Blumenau Éder Lima.

O que mudou

– A campanha deste ano não permite doações de empresas e tem limite de gastos. Em Blumenau, o prefeito poderá gastar até R$ 767.538,28 no primeiro turno e R$ 230.260,88 no segundo. Para vereador, o teto é R$ 110.357,69;

– O tempo de campanha caiu de 90 para 45 dias. Já a propaganda em rádio e TV passou de 45 para 35 dias. Nas propagandas, há restrições para uso de apresentadores ou locutores, efeitos especiais, montagens, edições e desenhos animados.

– Outra mudança é o fim dos blocos de horário eleitoral para vereador – agora serão apenas para prefeito, de segunda a sábado. O tempo dos dois blocos também baixou de 30 para 10 minutos. As inserções veiculadas ao longo do dia aumentaram de 15 para 70 minutos. (colaborou Lucas Paraizo)

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