FOTO: Paulo Pinto / Divulgação
Fernando Haddad, candidato do PT à prefeitura de São Paulo, gosta de chamar as eleitoras de “meu amor”. Bonitão que é, fez duas chorarem de emoção na caminhada desta sexta-feira.
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Já José Serra (PSDB), em um shopping da Zona Norte, apresentava dificuldade para fazer as mulheres entenderem quando deveriam beijá-lo. Ele estendia a bochecha, aguardando a bicota, mas com frequência a bochecha ficava no ar, à espera de um beijo que nunca vinha.
FOTO: Fernando Cavalcanti / Divulgação
Nem Serra nem Haddad – mesmo com sua fama de galã – podem ser apontados como modelos de carisma. Carismático mesmo é o rival dos dois, o ex-apresentador de TV Celso Russomanno (PRB), que completa o trio protagonista da eleição mais empolgante do país. Na última pesquisa Datafolha, Russomanno tinha 25% das intenções de voto, contra 23% do tucano e 19% do petista. Tornou-se impossível, portanto, prever quem chegará ao segundo turno.
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Russomanno, justamente o carismático, vem evitando o corpo a corpo com o público. Na manhã de sexta-feira, isolou-se em cima de um jipe branco, em uma carreata na Zona Leste da cidade. Não queria saber de contato com a imprensa – se estivesse caminhando, certamente seria abordado por repórteres que tentam entender suas propostas, ainda pouco claras.
Consagrado como fenômeno após atingir um pico de 35% nas pesquisas, o ex-apresentador e ex-deputado federal vem em queda livre nos últimos dias. Os motivos são vários. Serra e Haddad – o primeiro, ex-governador, e o segundo, ex-ministro da Educação no governo Lula – se deram conta tardiamente de que precisavam atacá-lo em seus programas de TV. Começaram a expor os problemas do oponente com a Justiça – como a invenção de um domicílio eleitoral para concorrer a prefeito de Santo André em 2000 – e suas vinculações com a Igreja Universal do Reino de Deus, cujos líderes comandam o seu partido, o PRB.
Haddad ataca Russomanno, Serra faz agrado a torcedores
Mas o problema maior, alvo de debate diário nos bastidores da campanha de Russomanno, é quando o candidato concede entrevistas. Na quinta-feira, por exemplo, ele se irritou ao não conseguir explicar como funcionará sua proposta de tarifar viagens de ônibus de acordo com a distância. Até o fim da tarde deste sábado, véspera da eleição, Haddad continuará chamando as eleitoras de “meu amor” enquanto orienta militantes a distribuírem panfletos afirmando que Russomanno “vai aumentar” o valor das passagens para quem mora na periferia.
Na tarde desta sexta-feira, durante uma caminhada na Rua 25 de Março, símbolo do comércio popular, o petista comemorou sua melhor posição nas pesquisas arriscando passos de dança, ao som de um conjunto de rua peruano, e distribuindo promessas genéricas.
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E o tucano Serra, no shopping da Zona Norte, garantiu que baixará “impostos para salão de beleza” quando a dona de uma estética pediu para tirar uma foto com ele. Quando um palmeirense se aproximava pedindo um abraço, Serra dizia que “palmeirense merece uma foto”. Quando um santista chegou perto, o tucano disse que “santista merece uma foto”.
Todos vibravam com a queda de Russomanno. Mas o ex-apresentador nem de longe está morto.