A médica Denise Pedreira, que desenvolveu a técnica inédita, está otimista quanto à recuperação de Igor e à evolução de sua técnica. Por telefone, ela falou ao DC sobre as expectativas.
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Diário Catarinense – Essa técnica já existia em outro país?
Denise Pedreira – Não, ela é pioneira no mundo. Sou ginecologista, obstetra e especialista em medicina fetal. Resolvi pensar nessa correção neural sobre outra ótica. Testei isso exaustivamente em animais antes de aplicar nos humanos e tive neurocirurgiões me apoiando na ideia. Tivemos cuidado de comparar essa técnica com técnicas clássicas. Já existia na Alemanha a abordagem endoscópica, que é usada na técnica desenvolvida no Brasil, mas não para este tipo de cirurgia.
DC – Quais as principais vantagens de fazer a cirurgia ainda no útero?
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Denise – O desenvolvimento psicomotor do bebê é melhor quando se opera intraútero. Fazer a cirurgia antes dobra as chances do bebê andar sem precisar de aparelhos e diminui pela metade a possibilidade de ter que colocar válvula para tratar a hidrocefalia. Já na cirurgia a céu aberto abre-se o útero e assim há mais risco da cicatriz romper e ter a ruptura do órgão. Além disso, a cirurgia intrauterina cicatriza muito mais rápido do que a tradicional.
DC – Como está o andamento da pesquisa?
Denise – Fizemos a cirurgia em oito bebês, destes estamos seguindo cinco e eles estão evoluindo muito bem.
DC – Como a senhora avalia a recuperação do Igor?
Denise – A recuperação do Igor é maravilhosa. Ele é o único que está na fase de andar. Ele nasceu prematuro de sete meses, então apesar de ter um ano, tem 10 meses na cronologia. Ou seja, ainda tem oito meses para andar. Do ponto de vista neurológico ele está super adequado. As chances dele andar sem qualquer ajuda são enormes, e do ponto de vista neurológico ele não tem nenhum déficit e nem hidrocefalia.
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