Na sala da casa de Gonzaga Agenor da Silva, uma prateleira com 32 filmes indica uma preferência visível. Deles, 14 são do cantor Elvis Presley, entre documentários, tributos, shows e filmes protagonizados pelo Rei do Rock. Mas Gonzaga, aos 46 anos, não é apenas mais um dos fãs que afirma que Elvis não morreu. Ao fazer cover do cantor de Memphis, ele está entre aqueles que fazem viver esse mito.

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Ele tem duas filhas e um filho: Stéfany, com a primeira mulher, Roana, de dez anos, e o pequeno Andrehs, que completa 20 dias hoje, com a mulher Rosana Maria de Borba. O menino representa uma série de mudanças na vida do cantor ao longo do último ano.

Gonzaga perdeu a mãe e se esforçou para levar a cabo o projeto de lançar um CD próprio, com sucessos do Rei do Rock em sua voz. Faz também mais ou menos um ano que deixou crescer as costeletas e comprou uma roupa nos moldes das que Elvis usava. Ao mesmo tempo, decidiu começar a se apresentar sem banda, fazendo cover sozinho, no sistema de playback, em que ele canta, com sua voz, em cima do som de um CD.

Foi uma apresentação na escola, aos oito anos, com a música “Love me Tender”, que levou Gonzaga a pensar em se dedicar à imitação de Elvis.

– Na época, achava que podia cantar -, ri.

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– Mas depois que recebi o incentivo, a coisa foi caminhando.

O incentivo, então, veio da professora, mas para se dedicar de uma vez às performances foi preciso o contato com o guitarrista Jackson, que já tocava nas noites de Joinville. A mãe, ainda que não gostasse muito da ideia, sempre o apoiou na carreira, mas o pai ofereceu resistência, até que se conformou.

Então com 16 anos, o tom de baixo tenor de Gonzaga já alcançava com facilidade as músicas de Elvis e, com um baterista e baixista, estava formada a banda que tocava clássicos dos anos 1950 e 1960 na noite de Joinville. Treinado pelo coral da igreja presbiteriana e conhecendo a música e a performance do rei pelos LPs que ouviu e filmes que cresceu imitando, o cantor tem quase 30 anos de trabalho na noite.

Na época, os principais lugares eram o Run Papá, o Tigrão e o Naipi. E foi neste último, perto do clube Ginástico, que ele conheceu a mulher, Rosana. Isso foi há 20 anos, em uma festa temática dos anos 60, e Gonzaga e banda faziam o show de abertura para o grupo Beatles Again. Rosana, vestida à moda dos anos 50, vestido de bolinhas e lacinho na cabeça, foi encantada pela voz de Gonzaga e, a partir daí, iniciou o namoro que logo resultou em casamento.

Gonzaga, a exemplo de Elvis, como faz questão de ressaltar, já trabalhou como caminhoneiro, motorista e vendedor autônomo ao longo dos 30 anos de imitação. Apesar de já ter se apresentado em lugares como Cascavel, Curitiba, Blumenau e Araxá, em Minas Gerais, o mais longe que já foi, em um encontro de fãs de Elvis, ele nunca se apresentou na cidade onde nasceu, Florianópolis.

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– Eu morei toda minha vida aqui, no Km 4, e adoro Joinville, mas ainda tenho uma dívida que bate sempre que passo daquela curva que revela o mar da Ilha.