Vinte mil estudantes. Esse é o número de alunos para quem a professora de química Clarice Schmidt Büst, de 56 anos, estima ter ensinado, em 39 anos de dedicação ao Colégio Tupy.

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Em 1972, Clarice e mais quatro amigas ingressaram na escola como as primeiras estudantes mulheres do curso técnico em metalurgia. Um ano depois, Clarice passou a trabalhar nos laboratórios da instituição como auxiliar e, mais tarde, tornou-se a primeira mulher a lecionar nos cursos profissionalizantes.

O perfil dos estudantes mudou nos últimos anos.

– Hoje, os jovens estão cheios de informação -, avalia Clarice.

Ela revela que, para se atualizar, lê muito. Depois do técnico, a professora obteve licenciatura em química, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mais tarde, fez duas pós-graduações e concluiu um mestrado em educação e cultura na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc).

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– O conceito de átomo que aplico sempre foi o mesmo, o que muda é a evolução dos modelos. O gostoso da ciência é isso, acompanhar a evolução -, salienta.

A professora não trabalha mais em tempo integral. Fica em Joinville no começo da semana para as aulas, e nos outros dias, em Barra Velha. O interesse pela área nunca diminuiu.

– Química é uma coisa do dia a dia. Podemos ilustrar as aulas com muitos exemplos e isso faz com que eles gostem da disciplina -, explica.

No seu tempo livre, Clarice gosta mesmo é de curtir o clima da praia. Entre as atividades favoritas em Barra Velha estão as caminhadas e os exercícios das academias nas praças. Fora o trabalho e a praia, Clarice sempre arruma um tempinho para ver o filho, Carlos Rodrigo.

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Na época em que entrou no curso técnico como aluna, Clarice conta que o preconceito era grande.

– Ouvíamos coisas como ?vai pra casa cozinhar’, mas eu e as meninas conseguimos tirar de letra os problemas -, revela.

A professora explica que sua entrada na escola e a boa atuação das meninas no curso técnico foram fundamentais para a instituição abrir espaço às mulheres em todos os cursos técnicos.

– Hoje, existem muitas moças que se formaram e também lecionam na escola -, acrescenta.

Também foi na Tupy que Clarice conheceu o marido, Carlos Roberto.

– Ele estudava na minha sala. Mas não fomos só nós, muitos casais se formaram aqui -, lembra.

A professora sempre teve um bom contato com os estudantes, deu aula ao filho, primos e sobrinhos.

– Até hoje recebo telefonemas de ex-alunos -, comenta.

A professora quer morar definitivamente em Barra Velha, mas não tem pressa.

– Foi em Joinville que namorei, casei e tive meus filhos. Se for para parar de dar aulas, farei aos pouquinhos.