Se disser que arte marcial é coisa pra homem, prepare-se para uma conversa, ou melhor, uma luta com Gisele Krüger. Ela carrega, além das medalhas no peito, o título de instrutora de jiu-jítsu, a única mulher a dar aulas da modalidade em Joinville. Já são mais de cinco anos vestindo o kimono e subindo ao tatame para a prática do esporte.

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Aos 29 anos, ela comanda uma turma formada só por mulheres e pelo filho pequeno de uma delas. Tudo começou quando um amiga a chamou para assistir aulas de karatê, já que Gisele reclamava de dores no corpo e resolveu começar um esporte para aliviar o desconforto.

Quando chegou à academia, logo se encantou pelas artes marciais, mas uma luta na sala ao lado chamou mais atenção: o jiu-jítsu.

– Fiquei impressionada como uma pessoa menor podia derrubar uma maior e quis saber mais sobre o esporte – conta sobre o interesse.

Na semana seguinte, já começou as aulas e sua história dentro do jiu-jítsu. Gisele era a única mulher da turma. Ela conta que havia interesse feminino, mas nenhuma ficava mais que duas semanas. Ainda como aluna, resolveu iniciar uma “campanha” pelo crescimento da participação das mulheres.

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– Eu conversava com as meninas que entravam e incentivava a voltar. Uma ia apoiando a outra e assim foi crescendo a nossa turma.

Pouco tempo depois, o espaço era dominado pelo “cor-de-rosa” e elas ganharam um horário exclusivo na academia. A turma que começou com quatro meninas, há um ano e meio, hoje conta com oito, com idades que variam entre 15 a 35 anos.

– É graças às minhas alunas que isso acontece. Sem o apoio de cada uma, isso não estaria acontecendo. Sou muito grata a cada uma – fala com emoção.

No início, a atleta era apenas aluna. A carreira como instrutora iniciou quando o então professor não poderia mais dar aulas. Gisele rapidamente se prontificou a ficar em seu lugar para que o espaço conquistado se mantivesse firme e forte. Com dedicação e empenho, conquistou a primeira graduação, a faixa azul, e ainda foi convidada para se tornar instrutora.

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Hoje, ela já é dona da faixa marrom e luta bravamente para chegar ao nível de faixa preta, além de ser bicampeã sul-americana na modalidade. A hiperatividade e o gosto pelos esportes, Gisele herdou da mãe professora, que sempre a incentivava à prática de esportes.

Na escola, era jogadora de vôlei de areia, mas abandonou a vida esportiva aos 16 anos quando sua principal incentivadora faleceu. A rotina de atleta deu lugar aos estudos e ao trabalho. Depois do ensino médio, ela iniciou a faculdade de sistemas de informação, mas três anos depois, percebeu que lidar com computadores não era muito sua praia.

Logo começou o curso de pedagogia, no qual se formou cinco anos depois. Hoje, a formação ajuda na vida como instrutora no esporte.

– Cada aluna tem um jeito e um modo de aprender. Ser pedagoga me ensina a lidar com cada uma.

Além do emprego na academia, ela também trabalha com direito educacional na faculdade ACE. Gisele dá um incentivo às mulheres que querem iniciar no esporte: “é muito mais fácil para mulher aprender, pois o jiu-jítsu é mais técnica do que força”. E completa que, “além de saúde e prazer, serve como defesa pessoal em caso de perigo”.

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As aulas de Gisele acontecem nas segundas, quartas e sextas-feiras, às 18h30, na Associação Olímpia de Artes Marciais.