O Grande Oeste é cheio de surpresas. Tem cascatas, tem cânions, tem águas termais e tem reservas indígenas. Tem aquilo que está à vista dos olhos e em qualquer guia turístico da região. E tem o inusitado, que só com espírito aventureiro se descobre pelo caminho.
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Quando menos se espera, chega-se a um lugar pouco explorado ou que existe há muitos anos e, mesmo assim, pouca gente ouviu falar. E isso não é exclusivo das cidades pequenas ou menos populares. Até a maior delas, Chapecó, tem suas surpresas. Lá onde o tradicional é voltar para casa com uma fotografia do monumento O Desbravador e da Catedral Santo Antônio há outras dezenas de lugares para conhecer: o novo shopping Pátio Chapecó, inaugurado no fim do ano passado, e lugares embrenhados entre a mata nativa e estradas de chão.
CHAPECÓ
A maior cidade do Grande Oeste tem belezas tão escondidas que boa parte dos moradores desconhece. Os lugares mais distantes do Centro fogem do óbvio.
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_ Isso não fica em Chapecó. Nasci aqui e nunca ouvi falar… _ disseram algumas pessoas à reportagem. Até os funcionários do Centro de Informações Turísticas pareciam não saber.
Não há tradição de turismo no município, a própria prefeitura admite. Portanto, para quem pretende dar uma volta pela cidade, paciência: a Secretaria de Agricultura, que dá dicas dos roteiros, só funciona a partir das 13h. A outra opção é desbravar.
Rota dos Tropeiros

Em um lugarejo chamado Linha Boa Vista, lá para os lados da Unochapecó, há um museu construído por um senhor de 86 anos só para os bisnetos e tataranetos entenderem como funcionavam as coisas antigamente. O local cresceu tanto em 25 anos que o Museu do Tropeiro Velho, batizado assim, abriu suas portas para o público _ são mais de duas mil peças, algumas com mais de 100 anos.
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O próprio idealizador Luiz da Fonseca Rosa, o tropeiro velho em pessoa, faz questão de acompanhar cada visitante e, de vez em quando, preparar um fogo de chão por ali. Lúcido, ele gosta de prosear e contar as histórias de tudo o que viu e viveu em suas quase nove décadas de vida.
Rota italiana

Já para o outro lado da cidade, lá onde a BR-282 leva à Cordilheira Alta, há um pedacinho da Itália ainda preservado. Uma réplica de casa típica do início do século é mantida com orgulho pelos moradores de Colônia Cella, junto à capela e ao salão paroquial. Há dez anos, o local abriga um museu com ferramentas e utensílios domésticos usados em uma época em que todos ainda tinham um parreiral de uva em casa.
Para quem tem vontade de conhecer o local, marque na agenda: neste domingo, dia 26, ocorre a festa da comunidade (reserva de almoço pelo telefone (49) 3328-0075).
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Mais adiante, ainda seguindo pela BR-282, a gruta da sede Figueira reserva diversão, caso você resolva entrar lá dentro das ocas. Em meio à mata nativa e cascatas, a Trilha dos Mistérios do Rosário tem 15 esculturas espalhadas pelos 470 metros, que contam a história da via sacra em pedras de arenito, obra do escultor Cyro Ionoski.
Rota do Vale do Rio Uruguai

E não para por aí. Para os lados do aeroporto, na SC-480, Chapecó tem surpresas ainda mais inusitadas. Em direção ao Rio Grande do Sul, há mirantes, casas de produtos coloniais, artesanato e duas tirolesas. A primeira, a do Valle do Uruguai, tem 400 metros de extensão e uma bela vista do Rio Uruguai. É possível sentar no mirante, logo ao lado, e comer o pinhão servido pela Lanchonete Tonello.
Mas se você é daqueles que prefere mais emoção, o melhor ainda está por vir. Três quilômetros à frente, pela mesma rodovia, é possível chegar à única tirolesa interestadual do Brasil. Inaugurada em fevereiro, ela atravessa o Rio Uruguai, que faz o limite entre Santa Catarina e o Rio Grande do Sul, de ponta a ponta. São 1,3 quilômetros de extensão, que partem do município gaúcho de Erval Grande e chega na localidade de Goio-En, ainda Chapecó.
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Confira as imagens da tirolesa interestadual
_ A topografia do lugar nos chamou a atenção. É perfeito para uma tirolesa entre dois estados. E tem todo um glamour atravessar o Rio Uruguai _ diz o proprietário Rogério Antônio Faé, 39 anos.
A tirolesa interestadual fica junto ao Centro Náutico Faé. O valor por pessoa é R$ 30. Informações no (49) 3322-3889, ramal 21.
XANXERÊ

No meio do nada, de onde só se avistam mato e montanhas e onde se chega até a duvidar de que aqueles caminhos de terra podem levar a algum lugar, de repente ouve-se o som da água. De muita, muita água. A 21 quilômetros do Centro de Xanxerê, a Cascata S’Manella já virou um dos mais belos pontos turísticos da cidade. E vale cada quilômetro sacolejado pela estrada de chão até lá.
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São três quedas. A primeira tem 25 metros de altura. É possível chegar bem pertinho dela. A segunda e a terceira, um pouco menores, podem servir de cenário para uma boa reflexão: ao sentar-se nas pedras dá para encostar as mãos nas águas geladas do Rio Chapecozinho. O local, porém, costuma ficar vazio no inverno. Mas não deveria. As paisagens deslumbrantes, o espaço para churrasco, a área de lazer e o campo de futebol, afinal, permanecem lá o ano inteiro. E não se engane: o local até tem certa estrutura, mas sofre pelo abandono do poder público.
Batizada em homenagem ao engenheiro Salomão Manella, a Cascata S’Manella sediou obras de uma hidrelétrica na década de 60, que nunca entrou em funcionamento _ existem, inclusive, várias versões para o fim das obras. O acesso é pela SC-242, no caminho a Abelardo Luz.
VARGEÃO

A cidade é pequena, mas tem muito a contar. Há milhões de anos, uma brilhante bola de fogo rasgou o céu e avançou sobre a Terra, caindo na área onde hoje está Vargeão. Com o choque, milhares de toneladas de rochas foram derretidas e pulverizadas, transformando-se em arenito. A formação, chamada de Domo de Vargeão, existe até hoje e a estrutura deixada ainda é muito utilizada na construção civil e em tratamentos estéticos.
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E são todas essas histórias, ainda conservadas pelos moradores, que valem uma visita à cidade. Mas contenha-se apenas com os mirantes e as cascatas. O local onde está a cratera virou propriedade particular e está abandonado: não há estrutura, nem autorização para entrar. Os únicos visitantes do local são geólogos e pesquisadores do mundo inteiro, que, cada vez mais, viajam até Vargeão para estudar sua curiosa história _ a cidade é uma das oito do país que possui uma cratera aberta por fragmentos de meteoro.
O principal mirante _ e o mais alto deles _ fica ainda na BR-282. O acesso é pelo Restaurante Parada do Meteoro, que cobra R$ 2 para liberar a entrada. A estrutura é de ferro e, 150 degraus depois, você chega ao topo e consegue ver a cidade e a extensão que coroa o domo: a cratera só pode ser vista em dias de tempo bom. Logo ao lado do restaurante fica a rodovia que dá acesso à cidade. São sete quilômetros até lá.
Proposta de viagem: de Vargeão a Chapecó, passando por Xanxerê. Total: 71 quilômetros. Tempo ideal: mínimo de três dias.
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Prefixo: (49)
Centro de Informações Turísticas de Chapecó: 3328-4669
Distâncias até Chapecó
Lages ……………………… 330 km
Florianópolis …………….. 550 km
Joinville …………………… 514 km
+ 3 CACHOEIRAS EM 3 CIDADES
Em Abelardo Luz, o Parque das Quedas tem 10 cachoeiras. Junto ao Quedas Park Hotel, mas com acesso liberado. A um quilômetro do Centro.
Em Ponte Serrada, a Cachoeira dos Vicensi é uma queda d’água de 74 metros de altura em um paredão de pedras. A sete quilômetros do Centro.
Em Quilombo, Salto Saudades tem várias quedas d’águas em local ainda selvagem, pouco visitado. A 20 quilômetros do Centro.
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+ AVENTURA
Na localidade de Goio-En, junto ao Centro Náutico Faé, em Chapecó, fica a única tirolesa interestadual do país. R$ 30 por pessoa. Informações: (49) 3322-3889, ramal 21.