Em tempos de chatice e caretice, nada melhor do que um pouco de fogo na palha ou mX%$# no ventilador para arejar mentes e trazer frescor à produção intelectual e artística de Santa Catarina. Direto do Sul, região geograficamente à margem do burburinho cultural do Estado, um trio de artistas visuais e ilustradores criou uma curiosa publicação, a Merda Magazine.
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A revista é 100% virtual e reúne ilustrações, quadrinhos e outras abstrações sobre produção contemporânea nas artes. Foi criada por Alan Cichela, Jonas Esteves e Marcos Keller para divulgar seus trabalhos, obras guardadas na gaveta ou que não encontraram lugar na agenda dos espaços expositivos tradicionais de Criciúma.

– O nome era um problema. Quando tive a ideia, contei ao Jonas e ao Marcos um sonho em que tinha uma revista, que já estava na segunda edição, chamada Merda. A ideia do nome veio daí, mas ela acabou se tornando meio marginal, como sugere, por causa da nossa localização. Não estamos nem perto dos grandes centros, estamos à margem – diz Cichela.
O protótipo foi publicado em dezembro do ano passado. Agora está na quarta edição, uma produção madura, com 57 páginas, contendo, além de obras do trio, criações de artistas convidados: Juliana Veloso, o coletivo Laborativo e texto sobre arte assinado por Gabriel D. Lourenço.

De Lucas Bonfante
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Foto reprodução
– As edições não têm temas específicos ou muito critério. A última, no entanto, tem mais conteúdo editorial – diz Jonas.
Isso porque, na opinião deles, arte contemporânea não está apenas ligada à criação, mas também à produção intelectual.
E ainda há conteúdo erótico, tema com o qual Alan tem bastante intimidade. Já Jonas tem uma pesquisa direcionada à tecnologia. Nascido em São Paulo, ele mora em Criciúma e desde pequeno desmontava carrinhos de controle remoto para subverter a função, criando obras que beiram o ficcional e o real. Atualmente está com exposição aberta no espaço Fernando Beck, na Fundação Cultural Badesc, em Florianópolis.
– A gente trabalha, trabalha e muitas coisas acabam ficando na gaveta. Por isso criamos esse lugar para ser uma plataforma de propaganda da nossa arte – complementa Cichela.
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Além de artista visual, ele é também professor do curso de Artes Visuais da Unesc e atua com ilustração, HQ, arte sequencial e desenho. Segundo ele, a cena cultural de Criciúma vem melhorando, apesar ainda dos poucos espaços, mas com muitos coletivos de arte surgindo.
– Nossa cidade estava acostumada com o modernismo, o quadrinho na parede de paisagem. O coletivo Murro deu literalmente um soco inicial nessa proposta. Eles trouxeram performance. Outro coletivo ativo e bacana é o Laborativo – destaca.