Quando era um menino, estudante da Escola Estadual Germano Timm, em Joinville, Antônio Mir percebeu que não era bom no futebol nem tinha talento para desbravar os rios da cidade. No entanto, a “floresta” que existia atrás da casa da família na rua João Colin nos anos 1950 despertava a imaginação do espanhol que havia se mudado com a família para Joinville aos oito anos e fazia com que sonhasse com os animais – e também com monstros inventados – que podiam existir ali. Foi assim que começou a desenhar o artista que hoje é homenageado pela Câmara de Vereadores de Joinville. A cerimônia de homenagem ocorre às 19h30, no plenário.
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– Eu sempre desenhei, foi a forma que eu descobri para me integrar – conta Mir, agora com 62 anos.
Receber uma homenagem em Joinville era a peça que faltava no quebra-cabeças de condecorações do artista, que já recebeu um título de cidadão honorário de São Francisco do Sul, a medalha Anita Garibaldi oferecida pelo governo de Santa Catarina e a medalha ao mérito civil na Casa Rainha Isabel, na Espanha.
– Eu fiquei muito feliz e envaidecido com a homenagem. Joinville não é a cidade onde nasci, mas foi onde cresci, casei, nasceram meus filhos e netos. É a cidade da minha identidade – define ele.
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Foi em Joinville também que Mir promoveu a primeira exposição individual, em 1965, no antigo Restaurante Bavária. Ele tinha 16 anos e, nas próprias palavras, “descobriu o mundo das artes plásticas e do glamour”.
– Ser artista naquela época era uma aventura. Não havia uma compreensão intelectual do elemento artista, tudo era olhado com desconfiança – lembra Mir, que integrou o grupo de artistas que desbravaram a cultura em Joinville e conquistaram direitos como a Coletiva de Artistas, que vai para 43ª edição.
Foi ele também que, depois de uma temporada de três anos vivendo em Curitiba, voltou com a ideia de criar uma escola de artes, que seria a semente para a construção da Escola de Artes Fritz Alt.
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– Minha atividade cultural em Joinville sempre foi muito intensa. A Coletiva de Artistas é ainda uma janela para o mundo para os jovens, assim como foi para mim – avalia.
Dos anos 60 pra cá, o pintor e escultor conta mais de cem exposições pelo Brasil e pelo mundo, com passagens por galerias de Madri, Milão, Berlim e Paris, entre outras. Ele, que morava na Espanha até cinco anos atrás, sofreu uma diverticulite quando passava férias no Brasil, em 2008, e hoje se recupera da doença e das 12 cirurgias pelas quais passou nos 58 dias internado.
Vivendo em uma casa de repouso, a mente de Mir continua tão ativa quanto o tempo em que olhava para os fundos do quintal sonhando com animais e monstros na floresta.
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– É continuar produzindo que está me ajudando a melhorar. Estou reeditando a minha obra em gravuras com alta tecnologia de impressão – conta.
Seis telas de Mir estarão expostas no hall de entrada da Câmara de Vereadores a partir de quinta-feira.
O QUÊ: homenagem à Antônio Mir.
QUANDO: quinta-feira, às 19h30.
ONDE: plenário da Câmara de Vereadores de Joinville, av. Hermann August Lepper, 1.100, Saguaçu.
QUANTO: gratuito.
O QUÊ: exposição de obras de Antônio Mir.
QUANDO: a partir de quinta-feira.
ONDE: hall da Câmara de Vereadores de Joinville, av. Hermann August Lepper, 1.100, Saguaçu.
QUANTO: gratuito.