As fotografias do argentino Gaston Tomasetig poderiam passar por frames de um filme de ficção, embora não deixem de contar suas próprias verdades – o próprio autor admite que sua principal inspiração é o cinema.

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Dezesseis delas estão expostas a partir de hoje no bar Caravana, em Florianópolis, na mostra Perpetuo. Esta é a primeira vez que o artista expõe seus trabalhos no Brasil. Mais informações no Flickr do fotógrafo.

Leia abaixo a entrevista concedida por Gaston Tomasetig ao DC, por telefone.

Você começou a fotografar no jornalismo e também fez fotos documentais, dois gêneros focados na realidade. Hoje, seus trabalhos são “invenções”. Como foi essa mudança?

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Gaston Tomasetig – Quando fazia documentário, achava que a história que eu estava contando era mais forte do que a minha presença e o meu olhar. Por isso, sentia necessidade, como todo artista, de passar por cima da obra. Achei, então, que poderia construir uma situação para narrar os acontecimentos humanos, usando recursos como a metáfora, a ironia e o humor. Nas minhas fotos, estou também contando o terrível da história através da imagem. Acho que falar de um acontecimento forte, sem deixar de ser irônico, é a maneira mais fácil de atravessar os inconvenientes da vida.

Com surgem as ideias para as fotografias?

Gaston – Não há um caminho único para chegar às fotos, mas, em geral, aparecem na minha cabeça as situações. Antes de tudo, há sempre essa necessidade de expressar e dizer algo. Geralmente, a mim, é uma sensação que incomoda, como um peso nas costas. Cada vez que faço isso, então, sinto uma pequena onipotência, que dura alguns segundos. Quando termino de fazer a foto, acho que estou contribuindo com o mundo e, depois, imediatamente, me dou conta de que não é nada. É assim sempre. Por isso, sigo fazendo.

Além da montagem da cena, as fotos também passam por alguma manipulação digital?

Gaston – Apenas as dos animais, em função das máscaras. É muito fácil alugar uma máscara de Mickey Mouse e Pluto, mas é difícil encontrar a de um animal que não seja conhecido das pessoas. Nesses casos, peguei os ursinhos de pelúcia do meu filho e tirei fotos deles em um lugar preciso, com a mesma luz que teriam as fotos finais. As demais, não tem manipulação nenhuma. As cores são verdadeiras, assim como a luz.

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Qual o ritmo da sua produção?

Gaston – Há meses em que faço duas fotos, mas há também períodos de três meses sem fazer nenhuma. Não me sento para fazer uma foto. O que aparece são as necessidades. Então, há momentos em que não tenho nada a dizer, e que são difíceis. Não pela condição econômica, pois sempre tenho fotos para vender. Mas por uma questão pessoal, pois quando faço uma foto nova é ótimo para a inspiração, para continuar. As primeiras fotos começaram com produções pequenas, em que eu não escolhia tantas coisas das imagens. Agora, cada vez estou mais estético e cuidadoso, por isso também levo mais tempo.

Agende-se

O quê: Exposição de fotografias Perpétuo

Quando: abertura hoje, às 20h

Visitação até 15 de dezembro, de quarta a domingo, das 19h à meia-noite.

Onde: Caravana (Av. das Rendeiras, 1672 – Lagoa da Conceição, Florianópolis)

Quanto: entrada na exposição gratuita (DJ Garance, da Suiça, toca deephouse das 19h às 22h)

A partir das 22h, jazz com Leandro Fortes & convidados. (entrada no valor de R$ 10)