Legado e oportunidade. Duas palavras com imenso poder transformador quando pensamos em como a Olímpiada do Rio de Janeiro pode refletir na educação física brasileira. Temos de aproveitar a realização do maior evento mundial esportivo pela primeira vez na América do Sul para almejar, além de algumas dezenas de medalhas, possibilidades de estímulo para uma vida mais ativa, principalmente na infância, sem necessariamente impor o modelo competitivo às crianças. Ao se falar em legado, logo se pensa em obras e melhorias de infraestrutura. O que pouco se discute, entretanto, é a amplitude de benefícios que eventos dessa magnitude podem trazer ao país, inclusive no que diz respeito à educação e à capacitação profissional.
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Infelizmente, o tema ainda não recebeu merecida atenção. A educação física nas escolas e a transformação que ela poderia gerar são muito pouco difundidas. Em termos esportivos, ainda nos falta um projeto definido para encontrar talentos na base, nas escolas. Aliás, o esporte escolar não entra como parte das aulas de educação física, mas num momento extracurricular em que as crianças interessadas pelos jogos e pela competição possam ali expressar sua energia e vontade de disputar. E essas são minoria.
O esporte enquanto instituição apresenta diversas faces, que muitas vezes são interpretadas de maneira errada, inclusive por profissionais da área. Há a face do negócio, da profissão, do show e do entretenimento, bem como da ciência e pesquisa, da mídia e da política. Ter claro o que o esporte representa em cada uma dessas faces é um passo determinante para poder realmente aproveitar algum possível legado olímpico de maneira inteligente e efetiva.
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O legado olímpico deveria vir com a estimulação consciente em cada jovem. As escolas não devem pensar em situações competitivas em que os bons em termos de habilidade e de genética possam se sobressair sobre os menos avantajados. Essa diferença técnica esportiva aparece por mil fatores, que vão muito além do que a disciplina é capaz de ensinar.
Fazer o jovem experimentar dezenas de movimentos e modalidades, de modo que entenda e tente descobrir qual gosta mais, compreender o que é necessário fazer para que se consiga melhorar uma habilidade, poder praticá-la sem pensar em comparação com o melhor ou com o pior, mas fazê-la com prazer, é essencial para que o grande evento esportivo deixe um grande legado para os nossos pequenos. E isso só acontecerá com a atualização dos profissionais de educação física, bem como com a mudança na forma de atuação.
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