Novamente o bloqueio do WhatsApp causou polêmica e prejuízos a milhões de usuários no Brasil. Uma magistrada carioca puniu a empresa, a qual se negou a interceptar as mensagens trocadas pelos seus usuários investigados, que deveriam ser encaminhadas em tempo real diretamente aos investigadores, tal como ocorrem nas tradicionais escutas telefônicas. Essa decisão se diferenciou dos bloqueios anteriores e abordou um debate global e atual em torno da criptografia de dados, uma vez que as mensagens trocadas via WhatsApp possuem a chamada criptografia de ponto-a-ponto, isto é, as mensagens são codificadas eletronicamente de modo que apenas os próprios interlocutores podem visualizá-las.

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A criptografia de dados surgiu com a própria informática. Com a internet, a preservação da privacidade e o sigilo de dados fomenta o comércio de produtos e serviços, além de ser atualmente uma preocupação social. No entanto, com o advento da criptografia, surgiram ferramentas que, apesar de legítimas, permitem que a prática criminosa aconteça à mercê do poder estatal, como hoje ocorre com o WhatsApp, alvo recorrente do poder Judiciário devido a sua ampla rede de usuários. Ao tempo que a evolução tecnológica dificulta a efetivação do poder de polícia, afinal os problemas matemáticos impostos pela criptografia não podem ser resolvidos pelo uso da força estatal, a segurança proporcionada aos usuários da internet avança numa velocidade que o Estado não seria capaz de prover, de modo que hoje é plenamente seguro realizar compras e transações bancárias pelos smartphones na palma de nossas mãos.

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Tendo a segurança como elemento essencial de seus produtos e serviços, as empresas de tecnologia firmam o pé, incertas sobre a sua responsabilização decorrente da quebra de segurança que o próprio Estado vem exigindo. O fato é que a criptografia afeta diretamente o estilo de vida que criamos no século 21. Certamente a regulação dessa tecnologia é um passo para o passado, mas a pergunta que devemos fazer é se realmente podemos evitar o futuro.

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