Com a abertura da temporada de caça aos eleitores, os futuros representantes do povo lançam-se na arena pública, fazendo de qualquer espaço coletivo um terreno em potencial para o garimpo de votos. Os pretensos homens e mulheres da pólis protagonizam um fenômeno já conhecido pelas experiências empíricas de primaveras passadas, em que saem de seus habitats naturais munidos de carismas estratégicos, apertos de mãos ambiciosos e alocuções sedentas de apoio popular. Apesar da reprovação geral em relação a esses arquétipos profundamente desgastados das práxis políticas, na qual imperam condutas altamente questionáveis do ponto de vista ético e moral, nossos candidatos ainda preferem o modelo velho e sabido.

Continua depois da publicidade

:: Leia outros artigos de leitores do Santa

Uma centena de santinhos no bolso, assessores na retaguarda, a boca cheia de frases prontas e propostas superficiais desenham o cenário tragicômico das campanhas eleitorais. Se, há alguns meses, a existência de muitos deles era incerta, pois achá-los se constituía tarefa inexequível, hoje eles são os senhores das ruas proclamando seus feitos anteriores, criticando aliados de outrora e prenunciando épicas realizações que têm como garantia a palavra e a honra destes cidadãos de bem. Não bastasse todo este processo dito “legitimamente democrático”, os paladinos de um futuro promissor também invadem os meios de comunicação demonstrando grande talento para a dramaturgia, em que compõem peças de publicidade dignas de causar inveja em muitos comercias de instituições bancárias e marcas de margarina.

Assim, conclui-se que nossa escolha não será fácil incumbência. E isto decorre menos pela qualidade das opções e mais pela fartura de incoerências políticas personificadas. Enfim, a narrativa deste eminente show de contrassensos não se trata de um excessivo pessimismo a propósito do período eleitoral e de seus articuladores, mas na verdade, a constatação de uma conjuntura social que materializa episódios estapafúrdios no interior dessa voraz luta do “tudo pelo poder”. E ao nobre eleitor, o que lhe cabe? Respondo: mínima capacidade crítica para não dar o “confirma” a esses atores do absurdo em 2 de outubro.

:: Confira mais notícias de Blumenau e região

Continua depois da publicidade

Quer enviar um artigo para o Santa?

Colaborações para artigos devem conter entre 2.050 e 2.140 caracteres com espaço. Os textos devem ser enviados para leitor@santa.com.br com nome, profissão, endereço, identidade e telefone. O Santa se reserva o direito de selecioná-los.