Artesãos que trabalham na Rua 7 de Setembro e em frente ao Teatro Carlos Gomes, na XV de Novembro, foram orientados nesta terça-feira à tarde por funcionários da prefeitura a seguir uma normativa municipal segundo a qual os produtos devem ser comercializados na Praça Dr. Blumenau e na Vila Germânica durante a Festa do Trabalhador e a Feira da Amizade. Mas para isso eles precisam se cadastrar no Programa de Artesanato da Fundação Cultural, criado em 2005, e pagar uma taxa de R$ 10 pelo crachá de identificação.

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No momento da abordagem, cinco artesãos trabalhavam na calçada da esquina entre as ruas 7 de Setembro e Ingo Hering. Eles foram orientados a deixar o local e se instalar na Praça Dr. Blumenau, mas, apesar disso, nenhum prazo ainda foi dado aos ambulantes para fazerem a mudança de endereço. Nesta quarta, às 9h, haverá uma reunião entre a fundação e os artesãos para discutir este tema, entre outros assuntos.

Dois policiais militares acompanharam a ação da prefeitura, que teve ainda a presença de funcionários da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Secretaria de Planejamento e da Assistência Social. Para o diretor administrativo da Fundação Cultural, Luiz Koerich, o programa, que tem 210 pessoas cadastradas, serve para organizar a atividade dos artesãos e ainda oferece vantagens, como a possibilidade de participar de feiras na Vila Germânica.

– Por enquanto estamos apenas dando orientação, já que há uma normativa que estabelece a Praça Dr. Blumenau como local para os artesãos. Ainda não tem prazo para eles irem para lá – afirma.

Artesãos preferem ficar no mesmo local

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A maioria dos artesãos se comprometeu a participar da reunião nesta quarta, mas a medida que os obriga a trocar de endereço não agrada a toda a categoria. Luiz Carlos Cordeiro, 55 anos, está no ramo desde os 15 e diz que já teve a experiência de trabalhar uma semana na praça. O resultado não foi positivo e, por isso, ainda não decidiu se vai acatar a determinação:

– Conheço essa história de querer fazer uma feira de artesanato na praça há mais de 30 anos. Fiquei lá e não vendi nada. Não tem fluxo de pessoas, não funciona e não vai funcionar nunca. Ali é o início da cidade, não tem movimento. Eles querem é esconder o artesão.

A fiscalização ocorreu também entre os artesãos que trabalham na praça em frente ao Teatro Carlos Gomes. Três deles estavam no local. Os funcionários da prefeitura ouviram a mesma reclamação de que a Dr. Blumenau não seria o ponto mais adequado para as vendas pela baixa circulação de pessoas. A diretora de Fiscalização de Obras e Posturas, Maria Cristina Silva Figueiredo, acredita que este problema diminua aos poucos, com o local se firmando como ponto de comércio de produtos artesanais:

– Temos de criar a cultura de ter artesanato na Praça Dr. Blumenau. O que faz ter movimento é o comércio. Estamos abertos ao diálogo para se chegar a um consenso.

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Há 10 anos Elenilson Valério vende o que produz – pulseiras, brincos, anéis etc – em frente ao teatro. Ele não concorda com a orientação de se mudar para o local determinado pelo poder público:

– Não vou sair daqui. Eles querem acabar com a gente. Não concordo com isso. A gente ganha para sobreviver.