Quando pisou pela primeira vez em terras tupiniquins, em 2006, Henning Kunow experimentou – literalmente – novas cores em sua vida. Na época, o designer e artista plástico alemão veio ao Brasil para conhecer a família da sua futura esposa e se encantou pelas luzes e cores vibrantes do país tropical. Algo totalmente oposto aos tons de cinza que ele estava habituado na Alemanha. No último dia 27, Kunow visitou Joinville para ministrar uma aula-show sobre o uso das cores, no Centro Europeu.
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O olhar de turista permitiu ao designer novas inspirações para seus trabalhos em telas e tapetes, o que lhe rendeu o Prêmio Design da Casa Brasileira 2013, instigando ainda mais a busca pelo estudo do estilo brasileiro. Os tapetes criados por Kunow esbanjam cores e ousadia, são protagonistas no ambiente e não apenas uma peça de decoração convencional.
Feitos em polipropileno (náilon) e resina, os exemplares são verdadeiras obras de arte. Cada modelo é criado de acordo com o perfil do cliente. Tudo é levado em consideração – a luz do ambiente, as janelas, a cor do chão, as preferências pessoais de quem vai utilizar o espaço. Disponível para encomenda, o tapete demora cerca de 45 dias para ficar pronto e é produzido com o auxílio da tecnologia. Kunow faz o desenho, escolhe as cores e o processo é feito na fábrica parceira. Embora a medida máxima seja de 7 x 5 metros, o Museu Oscar Niemeyer de Curitiba vai receber uma criação generosa de 15 x 12 metros. O metro quadrado custa R$ 1,4 mil.
– Não fiz os tapetes pensando em lucrar. Fiz para ser louco mesmo, porque arte precisa ser assim, e para provocar a reflexão – explica, com o sotaque alemão enraizado.
Curioso ao primeiro olhar, o modelo de resina – ainda em desenvolvimento – é totalmente artesanal. As cores são colocadas na base como numa tela de pintura. A secagem do material demora de seis horas a cinco dias – ou mais, dependendo dos tons utilizados.
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Paralelamente aos projetos dos tapetes, Kunow se dedica a telas em tinta acrílica. As obras são inspiradas na música brasileira, em cantores como Maria Betânia e Luiz Gonzaga, concentradas no uso e frequência das cores. O que mais chama a atenção do artista alemão no Brasil são as polaridades, como os extremos da pobreza e riqueza, o preto e o branco, as pessoas. E acredite, em tudo há um fundamento baseado nas cores.
O alemão, que ainda gatinha no português, não tem dúvida do amor pelo novo país, já que há três anos é morador de Curitiba, no Paraná:
– Quero aprender a cultura brasileira, aprender o jeito de viver aqui – garante.
O estudo das cores
Desde criança que Kunow tem uma atenção especial pelas cores, mas foi aos 14 anos, quando teve contato com a aquarela que percebeu que a ligação iria além. Anos mais tarde, ele se formou na Fundação Bauhaus Dessau e se aprofundou nos estudos da teoria das cores.
– Não quero ser um artista, quero ser um pesquisador das cores, estudar a sua evolução, como Darwin fez – compara.
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E é assim que ele deixa transparecer sua humildade. Em tudo o que fala, faz questão de explicar detalhadamente e defende o desapego aos métodos formais de se pensar e fazer arte. O artista preza pela liberdade de pensamento das pessoas. Ele se dedica ao estudo e aprofundamento da composição e junção das cores, suas emoções e ligações com a música e a natureza. Apesar do reconhecimento na mídia e o prêmio conquistado, a ideia é seguir adiante nas pesquisas.
Se há algo que ainda incomoda o designer, é a relação de alguns profissionais arquitetos com o cliente. Kunow critica a posição de tomar decisão sem a opinião ou aprovação dos contratantes, pessoas que vão desfrutar do ambiente. Para ele, o arquiteto deve ser igual a um médico: perguntar as necessidades, preferências de música, leitura e tudo o que for possível, para criar um briefing e ir dando possibilidades de criar um espaço perfeito – e com a cara – do cliente.
Dicas para decorar e mudar o ambiente
Para quem quer decorar um novo ambiente ou mudar o espaço em casa, a dica é simples.
Primeiro, defina um estilo que mais lhe agrada _ clássico, moderno ou barroco, por exemplo.
Pegue revistas e faça recortes das figuras, cores e tudo mais que lhe agrade _ vale tudo, não se restrinja à arquitetura e móveis, aposte nas paisagens, combinação de cores, moda e palavras. Liberte-se.
Cole as imagens em uma superfície de papel e faça uma análise do conjunto das cores, estilos e composições predominantes.
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O mesmo procedimento vale para projetos com arquitetos. O profissional deve sempre comunicar com imagens e ir adaptando as mudanças sempre com a opinião do cliente. Lembre-se, na opinião de Kunow, o arquiteto é como um médico, deve sempre questionar as preferências do cliente e ouvi-lo _ desde suas músicas favoritas, leituras e gostos, por exemplo e comunicar sempre com imagens.
Como usar e ousar
Para Kunow, o tapete não é acessório. Ele critica o modo como as pessoas decoram a casa – deixando sempre o tapete como último passo da decoração – enquanto deve ser o inicial.
Para não errar, escolha o piso de concreto ou de madeira escura. Evite o branco, pois ele desvaloriza e neutraliza as cores.
Menos é mais: priorize espaços livres, para valorizar o tapete e o ambiente.
Obra de arte: Escolha o tapete e imagine-o na parede, como uma tela. É assim que ele deve ficar no chão.
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Cores nas paredes? Pode sim! Afinal, as cores transmitem e estão totalmente ligadas com as emoções. Mas evite as mais intensas, pois o efeito pode ser contrário. O cinza é um belo aliado para equilibrar o tom de uma cor. Porém, mantenha distância do cinza isolado.
Onde encontrar
As revendas no Brasil dos tapetes de Henning Kunow são feitas pela Originale Maison, de Curitiba (PR). Outra opção é baixar o aplicativo da loja exclusivo para iPad e montar o modelo do tapete com as cores e medidas desejadas. O processo é rápido, basta escolher e o protótipo aprovado é enviado para a fábrica.
l Informações (41) 3224-7668 ou www.originalemaison.com.br