A grande quantidade de armas e coletes à prova de balas apreendida neste sábado na Serra Catarinense teria sido roubada de um Fórum de Justiça no Rio Grande do Sul. Documentos relativos a processos judiciais também foram encontrados, alguns até incinerados. Um homem foi preso em flagrante e afirmou que comprou o arsenal para revender aleatoriamente.

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A apreensão ocorreu na manhã deste sábado, em Lages. Por volta das 10h, o pedreiro e carpinteiro Agnaldo Antonio Matias, de 39 anos, passava de carro em frente a uma base da Polícia Militar no Bairro Guarujá e foi perseguido pelos policiais, que tinham denúncias de que ele seria traficante de drogas. Na abordagem, nenhum produto tóxico foi encontrado. Porém, foram localizadas seis armas de fogo, e os PMs foram até a casa do suspeito, no Bairro Cristal, perto dali.

Os policiais fizeram uma minuciosa busca na residência e encontraram várias outras armas escondidas. Ao todo, foram apreendidas 45 armas, sendo 17 espingardas – uma com luneta e uma com silenciador – e 28 armas curtas entre revólveres e pistolas, dois coletes à prova de balas, quatro rádios comunicadores portáteis – um deles sintonizado na frequência da polícia – e uma toca “ninja” geralmente utilizada por criminosos para esconder o rosto.

Na garagem da casa, os policiais encontraram algo intrigante. Dentro da churrasqueira havia vários documentos relativos a processos da Justiça gaúcha. Assim, segundo o sargento Marcos Moraes, com o auxílio de peritos criminais e por intermédio da agência de inteligência da PM, foi constatado que as 45 armas e os processos haviam sido roubados do Fórum da cidade de São José do Ouro, no Norte do Rio Grande do Sul, invadido por assaltantes na madrugada de sexta-feira. Na ação, foram roubadas mais de 50 armas que serviam de provas para crimes como assaltos e homicídios.

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Questionado pelos policiais e pela reportagem do Diário Catarinense, Agnaldo disse ter comprado as armas, os coletes e os rádios na tarde de sexta-feira de alguns homens de Vacaria (RS), que teriam ido à sua casa por indicação de uma pessoa que o apontou como negociador de carros usados. Ele alegou ter pago R$ 16 mil pelo material e disse que iria revendê-lo aleatoriamente.

– Nunca fiz nenhum assalto e não conheço os caras que vieram aqui em casa. Todo mundo sabe que eu compro e vendo carros. Foi assim que eles me encontraram. Cresceu o olho, comprei para vender a quem quisesse, mas não pensei nas consequências -, disse Agnaldo, que negou ser traficante ou até mesmo usuário de drogas, como os policiais suspeitavam. Sobre a toca típica de assaltantes encontrada junto às armas, ele garante que não sabia da existência.

Natural de Lages, Agnaldo havia sido condenado em 2011 a dois anos de prisão por abigeato (furto de gado), mas cumpre a pena em liberdade mediante o pagamento de cestas básicas. Até as 17h deste sábado, a Central de Polícia Civil da cidade, para onde Agnaldo foi encaminhado após a apreensão das armas, não havia informado por quais crimes ele seria autuado em flagrante e nem o procedimento que seria adotado junto à Justiça do Rio Grande do Sul. A reportagem do DC também não conseguiu manter contato com a Polícia Civil e o Judiciário de São José do Ouro.

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