Para garantir a segurança de clientes, funcionários e evitar arrombamentos de caixas eletrônicos, duas agências do Banco do Brasil em Joinville resolveram radicalizar: reduziram o horário de acesso dos clientes aos equipamentos. Agora, para sacar, pagar contas ou fazer transferências, os clientes das duas agências devem usar o horário comercial.

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Em vez de abrir às 6 horas e fechar às 22 horas, os bancos da avenida Getúlio Vargas, no bairro Anita Garibaldi, e da rua Helmut Fallgatter, no Boa Vista (junto à Tupy), estão abrindo das 8 horas às 18 horas – seis horas a menos que a maioria das agências.

A medida foi tomada nas duas agências por causa dos constantes arrombamentos e “saidinhas”, quando os clientes são assaltados logo ao sair dos caixas com o dinheiro.

Segundo a gerente da agência do bairro Anita Garibaldi, Ives Fátima Fedatto, o banco sofreu pelo menos três arrombamentos desde o fim de 2013. Há, ainda, uma série de relatos de clientes que foram vítimas de “saidinhas”.

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– É uma decisão que preserva a segurança dos próprios clientes – diz a gerente.

Segundo ela, os bandidos não se intimidam mais nem com as câmeras de vigilância da rua, do shopping e da própria agência.

– Por enquanto, vai ser assim. A orientação para os clientes é que eles se dirijam a outras agências ou se programem para retirar dinheiro em horário comercial, que é mais seguro – explica Ives.

O banco estuda, inclusive, alterar o endereço da agência. Outras agências do BB em Joinville também estão estudando reduzir o horário, especialmente nos fins de semana, mas a instituição não informa quais.

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Embora o Banco do Brasil tenha puxado a frente, outros bancos também montam estratégias para enfrentar a criminalidade. O Itaú está adequando o horário de funcionamento de alguns halls eletrônicos em agências. A instituição não informa quais são as agências, nem os horários, mas, em nota, diz que a medida deve ser adotada para dar “maior segurança a seus clientes, especialmente no período noturno”.

De acordo com a assessoria de imprensa do Banco do Brasil, foram estudados pontos que tinham menor utilização e que tivessem agências próximas.

– A segurança de clientes, de colaboradores e das comunidades em que atua é uma preocupação constante do Itaú. Por isso, o banco mantém uma central de monitoramento 24h por dia, em que acompanha o movimento das agências – diz a nota.

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Cuidados nas lotéricas

As polícias Civil e Militar de Joinville têm usado as informações, especialmente as imagens dos sistemas internos de segurança dos bancos, para identificar as quadrilhas e impedir novos ataques. Segundo o tenente-coronel Adilson Michelli, o trabalho é feito em parceria.

Não há números ou índices que demonstrem essa atuação, mas a cada arrombamento, o serviço de inteligência da PM é acionado e busca identificar quem está atuando em determinada região da cidade.

Os assaltos obrigaram algumas agências lotéricas a também alterar a rotina de trabalho na cidade. Além de uma estrutura metálica reforçada e câmaras de vigilância, para proteger os atendentes e os clientes, as casas lotéricas de Joinville adotaram outras estratégias, como impedir quase que por completo a visão de quem está do lado de fora dos caixas – os funcionários colocam bilhetes e panfletos sobre todo o vidro, deixando apenas o espaço para o atendimento à mostra – e a contratação de vigilantes particulares.

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Segundo o diretor de marketing da Caixa em Joinville, Edmilson Bammesberger, o banco não se manifesta sobre qualquer estratégia que envolva a segurança das agências ou dos clientes.

O presidente do Sindicato dos Bancários de Joinville, José Ilton Belli, considera que é o cliente que sai perdendo.

– É um desrespeito do banco virar as costas ao cliente. O risco, todo mundo conhece. Caberia aos bancos garantir a segurança contratando vigilantes – disse.

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Frustração entre os usuários

Enquanto produzia a reportagem, na segunda à tarde, a equipe de “A Notícia” presenciou pelo menos dez clientes tentando sacar dinheiro, pagar contas e fazer transferências após as 18 horas nas duas agências. Só na agência da Getúlio Vargas, foram seis em menos de cinco minutos. O correntista Levi dos Santos queria fazer um depósito e chegou à agência por volta das 18h10.

– E agora, como eu faço? Vou tentar no shopping – disse.

– O problema é que há uma fila enorme e nem sempre tem dinheiro no caixa do shopping – disse Cristiano Alves, que chegou minutos depois de Levi.

Na agência da Albano Schmidt, a situação se repetiu. Paulo Moraes é cliente da agência do Boa Vista e teve que ir até o bairro Iririú para sacar dinheiro e ver o saldo e reclamou da decisão da agência do Boa Vista.

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Lugar onde caixa não dura

Desde a temporada 2011/2012, a praia da Enseada, em São Francisco do Sul, não tem mais caixas eletrônicos instalados na orla. Os três terminais que havia na beira da praia – do Itaú, do Bradesco e do Banco do Brasil – foram arrombados, retirados pelos bancos e não voltaram mais. O Bradesco e o Itaú tentaram negociar com os comerciantes da praia para instalar os terminais em locais mais seguros, como galerias ou estacionamentos de lojas, mas ninguém aceitou alugar os espaços.

Para piorar, o único banco que mantinha um posto avançado com caixas eletrônicos na praia, o Banco do Brasil, foi assaltado na semana passada. Os bandidos entraram vestidos com roupas de funcionários de empresas de manutenção de energia elétrica. A dupla roubou cerca de R$ 100 mil. Segundo a gerência do banco na cidade, não há prazo para que o local seja reaberto.