Adversários na política hoje, o ex-governador José Serra e a presidente Dilma Rousseff recebiam tratamento semelhante da ditadura militar (1964-1985).

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Segundo documentos da época, ele tinha “larga folha de serviço no campo da subversão estudantil” e ela era um dos “cérebros dos esquemas revolucionários postos em prática pela esquerda radical”.

Veja detalhes curiosos das fichas de Dilma e Serra

Documentos do regime estão disponíveis desde a segunda-feira na internet. O Arquivo Público de São Paulo, em parceria com o Ministério da Justiça, lançou o portal Memória Política e Resistência, no qual é possível encontrar 274 mil fichas e 12,8 mil prontuários produzidos pelo Departamento Estadual de Ordem Política e Social (Deops-SP).

O órgão foi uma das principais centrais da repressão, de onde o governo controlava movimentos políticos contrários ao regime. O local foi palco de torturas e mortes. O material digitalizado (10% de todo o acervo) pode ser acessado no site www.

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arquivoestado.sp.gov.br. Apesar de o Arquivo Público já disponibilizar esses documentos para consulta presencial desde 1994, agora a pesquisa pode ser feita de qualquer lugar do país, bastando digitar nomes de pessoas que tenham sido fichadas, como Carlos Lamarca, ou de organizações políticas.

Presente à cerimônia, Serra cumprimentou o governador Geraldo Alckmin (PSDB) pela iniciativa e ressaltou que muitas informações dos prontuários são falsas. Citou a sua própria ficha, que menciona erroneamente sua participação, no início da década de 1960, em um jantar em homenagem ao cosmonauta russo Yuri Gagarin durante sua visita ao país.

– A ficha disse que eu tinha ido ao jantar e que tinha chorado quando falaram o nome da União Soviética. Mas, quando o Gagarin veio, eu nem era ainda da universidade, muito menos era do fã-clube da União Soviética, a ponto de chorar – disse, provocando risos na plateia.

E completou:

– Poucas vezes vi informações tão erradas. Fico imaginando o que os historiadores vão achar no futuro.

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Para o presidente da Comissão da Verdade, Paulo Sérgio Pinheiro, a consulta dos arquivos na internet representa um avanço democrático e vai ajudar no trabalho das comissões instaladas no país. Ele disse que 16 milhões de páginas do arquivo do SNI também estão sendo digitalizadas.