O Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou denúncia contra mais 250 pessoas investigadas pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Este foi o quinto bloco de denúncias analisadas pela Suprema Corte. Somando os acusados em outros quatro julgamentos ocorridos desde abril, já são 1.045 investigados que se tornaram réus de ações no STF – ao menos 18 são catarinenses, entre influenciador, arquiteto e até vendedora. No total, 1.390 foram denunciados pela Procuradoria-Geral República (PGR) como possíveis envolvidos com as invasões em Brasília.

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Entre os nomes, ao menos 18 catarinenses viraram réus nestes últimos julgamentos e agora vão responder a processos pela suposta participação nos atos golpistas de janeiro. O último bloco, que teve a denúncia aceita nesta semana, tem ao menos uma moradora de SC.

Trata-se de Robertina Aparecida Raimundo Protratz, de 52 anos, que vive em Brusque. Em uma rede social, ela se apresenta como confeiteira e aparece como sócia de um restaurante. Nas redes sociais, ao longo do ano passado, compartilhou mensagens a favor de Jair Bolsonaro (PL) e de uma suposta prisão do ministro do STF, Alexandre de Moraes — relator do inquérito sobre os atos golpistas no STF.

Outros denunciados catarinenses apareceram nos primeiros quatro blocos de investigados que se tornaram réus no STF. No quarto grupo, que teve as denúncias aceitas em 16 de maio, há ao menos dois nomes de SC: José Motter, que aparece nas redes sociais como morador de Schroeder, no Norte de SC, e Nelci Mazieiro Voit, de Joinville.

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Motter se apresenta como montador de uma empresa eletromecânica do Norte de SC e exibe em seu perfil em uma rede social diversas fotos em frente a prédios dos poderes em Brasília e em acampamentos montados após a eleição do ano passado.

Nelci trabalha com venda de inseticidas orgânicos. Ela ficou presa de janeiro a março e, desde então, está em liberdade mediante uso de tornozeleira eletrônica. Procurada pela reportagem, ela afirmou que considera injusta e “fora do contexto” a denúncia aceita pelo STF porque ela “não fez nada”.

— Eu cheguei lá conversando com a mulherada, e nem uma delas (quebrou nada). Elas falaram que foram lá, mas nenhuma quebrou nada — defende-se.

Ao menos mais 15 catarinenses tiveram a denúncia aceita nos três primeiros blocos de investigados analisados pelo STF, entre o início de abril e o começo de maio. Entre eles está Cirne Rene Vetter, de 43 anos, morador de Indaial, no Vale do Itajaí.

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Ele foi detido logo após os atos antidemocráticos de 8 de janeiro e levado para a Penitenciária da Papuda, em Brasília. Cirne é formado em Arquitetura e Urbanismo e é membro do Rotary Internacional.

Outro que teve a denúncia aceita pelo STF é o publicitário e influenciador bolsonarista Eduardo Gadotti Murara, de Joinville. Ele também foi detido após os atos golpistas, que teria chegado a transmitir por meio das redes sociais. Tornou-se réu na segunda leva de denunciados que tiveram o caso analisado pelo STF, no início de maio.

Contrapontos

A reportagem tentou contato com os advogados indicados no processo do STF como representantes da defesa dos réus citados na reportagem, mas não obteve retorno até a publicação. Caso ocorra, a matéria será atualizada.

A Defensoria Pública da União (DPU), que responde pela defesa de Robertina Aparecida Raimundo Protratz, respondeu que já se manifestou no processo e aguarda a definição do STF sobre pedidos, mas que “por tratar-se de atuação voltada a uma coletividade, não haverá comentários sobre casos individuais”.

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Quem são os catarinenses envolvidos nos ataques em Brasília

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