Arquiteta Roberta Zimmermann Buffon assina coleção de joias e reflete em seus projetos os desejos da elite catarinense

A beleza salvará o mundo. A célebre frase de Dostoievski pode definir boa parte da força que a arquiteta Roberta Zimmermann Buffon aplica na vida e no trabalho. Amante da simetria art déco e do expressionismo abstrato de Mark Rothko misturados sempre a generosas doses de flores frescas e certa simplicidade,Roberta, aos 36 anos está fincada no rol dos principais arquitetos de interiores do Estado. Natural de Itajaí, graduada em Arquitetura e Urbanismo pela FURB em 2003 e pós-graduada na Parsons School of Design, em Nova York, a arquiteta, hoje radicada em Floripa, é casada com o anestesista Alexandre Buffon com quem tem duas meninas, Maria Eduarda, 8, e Maria Antonia, 5.

Apesar das muitas marcas deixadas nos livings de lulus do La Perle, condomínio mais luxuoso da Beira-Mar Norte, luxo para ela é bem mais: tempo, risadas, flores, beleza e brindes. Recentemente, a profissional alçou um novo voo: usou sua aptidão de transformar o que toca em beleza para assinar uma coleção de joias. Sobre isso e mais, ela conversou com a coluna:

O que considera bom gosto?

Bom gosto é ser educado, humilde, tratar bem a todos quando se está longe dos holofotes. Ser generoso e saber elogiar. Bom gosto é ser correto e honesto. Bom gosto é ajudar quem precisa.

O que é indispensável?

Amores, flores, sabores… Risadas e um brinde ao final. O resto? Ah, o resto é só o resto!

Como definiria sua assinatura?

Acho fundamental que o resultado final de um projeto seja a interpretação do sonho do cliente. Então nós transitamos em diversos mundos e diversos estilos. Mas tem algo em comum em todos os nossos projetos, que são as peças desenhadas por mim e executadas por artesãos incríveis da nossa região e a busca interminável pela inovação, qualidade e perfeição.

Atualmente, muitos arquitetos defendem que a identidade brasileira deveria ser mais explorada nos projetos, sem tanto design europeu ou americano. O que pensa disso?

Eu vejo a arquitetura como algo global. E não vejo problema algum em usarmos o que o design mundial tem de melhor. Mas o Brasil hoje já possui designers que estão entre os melhores do mundo, como é o caso do nosso conterrâneo Jader Almeida. Então eu amor ver um ambiente com essa mistura de peças italianas, brasileiras, francesas…

Luxo é uma das marcas do seu projeto, mas esse conceito está em constante mutação. O que é luxo para você?

Tempo. Amigos verdadeiros. Flores frescas. Roupa de cama branca e macia. Almoçar em casa todos os dias. Bebida boa em boa companhia. Dançar até cansar. Rezar. Ler um bom livro. Trabalhar com o que se ama. Ver o pôr do sol. Colecionar bons momentos.

Que projetos mais te orgulham?

Minhas Marias são sem dúvida meu melhor projeto. Depois delas tenho imenso orgulho da minha casa. Não pelo projeto em si, mas pela conquista e especialmente pela paz e alegria que esse projeto me proporciona. Meu maior orgulho é justamente esse, o alto astral e a energia boa que deixamos em cada projeto concluído.

Sabemos que você está coordenando o projeto de interiores de uma casa cuja arquitetura é assinada por Ruy Ohtake, em Jurerê Internacional. Quais são os desafios neste trabalho?

Trata-se de uma obra única! Que leva a assinatura do mestre Ruy Ohtake, um dos maiores arquitetos do mundo. Então encaro esse projeto não como uma casa e sim como uma obra de arte. E o mais importante era que a arquitetura de interiores respeitasse o conceito e a linhas marcantes da casa. Terá um resultado único e está sendo um dos grandes presentes da minha carreira. Especialmente por poder aprender e conviver com esse arquiteto que é um ser humano inspirador e muito especial.

De que forma outras formas de arte, como a moda, te influenciam?

Sempre enxerguei arquitetura, moda e arte como um único tripé. São três artes muito envolvidas e que estão sempre conversando entre si. Então todas as formas de arte me inspiram e alimentam diariamente.

Qual foi o principal desafio em assinar uma coleção de joias?

O mundo da joalheria sempre me fascinou. Amo coisas atemporais, eternas, que contam a nossa história, marcam grandes momentos e serão perpetuadas por outras gerações. Foi muito fácil e prazeroso desenhar essa minicoleção para a Bárbara K. As joias são inspiradas na arquitetura Art Decò, um período que me encanta. E refletem bem as linhas geométricas e simétricas do meu trabalho. Tudo começou com uma brincadeira e o resultado não poderia ter me deixado mais feliz.

Rapidinhas:

* Um prato e uma bebida: camarão à mila e champagne

* Um livro: Os catadores de conchas

* Um filme: La grande bellezza

* Uma obra de arte: pode ser uma lista? A Porta do Inferno do Rodin, A Dama Dourada de Klimt, As Ninféias do Monet, a Vitória de Samotrácea , todos os quadros do Mark Rothko. Mas apaixonada por arte moderna que sou, meu sonho mesmo é um Ianelli em casa. Quem sabe um dia!?

* Uma cidade: Paris

* Um lugar inspirador: Toda a Itália

* Um dia perfeito de folga é: Sol, um vinho branco gelado, o Bocelli cantando e pessoas que amo ao redor.

* Um hobby: buscar a tal da felicidade!

* Arquitetos que te inspiram: Deus, Kelly Wearstler, Peter Marino, Phillipe Starck e Joseph Dirand.