Uma pesquisa em Santa Catarina tenta entender o modo de reprodução de uma espécie marinha considerada invasora do litoral brasileiro para facilitar seu controle. O visitante indesejado é o chamado coral-sol, que ameaça a conservação de peixes e outros organismos nativos. O manejo dele no Estado tem exigido “faxinas” no mar semanalmente em um arquipélago paradisíaco perto de Florianópolis.
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Trata-se do arquipélago do Arvoredo, uma reserva biológica marinha que reúne quatro ilhas no Litoral Norte entre a Capital catarinense e Bombinhas. O local recebe um trabalho semanal de pesquisadores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para monitorar e controlar o coral-sol, que tem tomado os costões rochosos. São feitos mergulhos para a retirada manual de cada coral.
— O principal impacto do coral-sol é justamente que, nesse processo de ocupação do espaço, ele acaba eliminando outras espécies nativas que ocupam os costões rochosos aqui da região. Então a gente está fazendo uma série de mergulhos para tentar identificar a ocorrência e ter a ação imediata da retirada — explicou Marcio Soldatelli, coordenador-executivo do projeto, em entrevista à NSC TV.
Estudo tenta desvendar biologia reprodutiva do coral
Em uma ação acompanhada pela reportagem, os mergulhadores retiraram 14 quilos do coral-sol do local. O material tem sido levado para pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que tentam desvendar agora a biologia reprodutiva da espécie para frear a expansão dela.
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A ideia é descobrir o momento de maior liberação de larvas do coral-sol, quando os filhotes são espalhados no mar, para que sejam retirados pela “faxina” semanal, feita há 11 anos, antes disso ocorrer.
— A gente impede o nascimento de milhares de novos indíviduos e desacelera a invasão, tornando o controle da espécie mais efetivo e também contribuindo para a conservação dos ecossistemas naturais — afirmou, também em entrevista à NSC TV, o pesquisador Marcelo Crivellaro.

Como o coral-sol chegou ao Brasil
O coral-sol é uma espécie nativa dos oceanos Índico e Pacífico. Os pesquisadores acreditam que ela tenha se espalhado pelo litoral brasileiro ao chegar fixada em cascos de navios a partir dos anos 1980.
Atualmente, duas variedades de coral-sol são encontradas em diversos pontos do litoral brasileiro, que vão de Santa Catarina ao Ceará, de acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O órgão tem, desde 2018, um plano nacional de prevenção, controle e monitoramento da espécie, que poderá ganhar novas alternativas com a pesquisa catarinense.
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— Todo esse trabalho de conhecimento e retirada desses corais tem conseguido controlar essas populações aqui no limite sul de distribuição dessa espécie invasora — disse Bárbara Segal, coordenadora-geral do projeto ambientado em Santa Catarina, à NSC TV.
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