A maioria das armas enviadas em segredo à Síria, por iniciativa da Arábia Saudita e do Qatar, vai mais para as mãos dos grupos rebeldes islâmicos do que para organizações laicas apoiadas pelo Ocidente, de acordo com reportagem publicada nesta segunda-feira pelo jornal The New York Times.

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Com base em fontes anônimas, o jornal afirma que esta é a conclusão de vários relatórios confidenciais apresentados ao presidente Barack Obama e a outras autoridades americanas.

As fontes lamentam que não exista um sistema centralizado para coordenar a entrega das armas e controlar para quais grupos são destinadas, afirma o NYT.

Segundo o jornal, o diretor da CIA, David Petraeus, viajou em sigilo para a Turquia no mês passado para tentar enquadrar o fornecimento.

O objetivo de Petraeus, de acordo com o NYT, era supervisionar o processo que “consiste em analisar e, por fim, constituir a oposição (ao regime de Bashar al-Assad) com a qual os americanos pensam poder trabalhar”, completa a publicação, que cita uma fonte diplomática do Oriente Médio não identificada.

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A CIA também enviou agentes à Turquia para ajudar a orientar a ajuda, mas não tem informações sobre os rebeldes e sobre as várias facções ativas na Síria.

Enviado da ONU pede trégua na

Síria no início do 20º mês de conflito

No início do 20º mês de conflito no país, o mediador da ONU para a Síria, Lakhdar Brahimi, pediu nesta segunda-feira uma trégua durante a próxima grande festa muçulmana de Al-Adha, no fim de outubro.

Brahimi, em giro regional, fez seu chamado quando prosseguem os violentos combates entre rebeldes e tropas do regime de Bashar al-Assad e em meio às divisões entre Ocidente e Rússia, aliada de Damasco, sobre como sair da crise.

O conflito também ameaça se estender. A Síria está em uma forte crise com a vizinha Turquia – que apoia a rebelião e abriga mais de 100 mil refugiados sírios – desde a morte, no dia 3 de outubro, de cinco civis turcos atingidos por um obus sírio perto da fronteira.

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Diante da determinação do governo sírio de esmagar os rebeldes, a quem chama de terroristas, a União Europeia impôs novas sanções ao regime, ao congelar fundos dos 28 partidários de Assad e de duas empresas.

Em uma visita a Teerã na qual se reuniu no domingo com o presidente Mahmud Ahmadinejad, principal aliado de Assad, Brahimi “convocou as autoridades iranianas a ajudar na implementação de um cessar-fogo na Síria durante o Aid Al-Adha, uma das festas mais sagradas realizadas pelos muçulmanos em todo o mundo”, segundo um comunicado divulgado nesta segunda-feira por seu porta-voz.

A festa de Al-Adha, conhecida como Festa do Cordeiro ou Festa do Sacrifício e que termina com os ritos da grande peregrinação muçulmana à Meca, na Arábia Saudita, será realizada neste ano no dia 26 de outubro e durará três dias.

Brahimi, emissário da ONU e da Liga Árabe, “ressaltou a urgência de colocar fim ao banho de sangue” e reiterou “o chamado de Ban Ki-moon para um cessar fogo e para o fim do fluxo de armas”, segundo o texto. Esta trégua “favoreceria um ambiente que permita um processo político para evoluir”.

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Mobilização de uma força de paz? No dia 10 de outubro, o regime sírio rejeitou um pedido do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que havia exigido uma trégua e pediu às forças de oposição que a respeitassem.

Segundo Ahmad Ramadan, um funcionário do Conselho Nacional Sírio (CNS), a principal instância da oposição no exílio reunida no Qatar, “uma das ideias consideradas, no âmbito de uma iniciativa política, é a mobilização de forças de manutenção da paz, mas esta questão ainda está em estudo”.

O secretário-geral do CNS, que reúne 35 pessoas, debate na capital do Qatar sob a presidência de seu chefe, Abdel Baset Sayda, “a situação na região, a situação política e o problema dos refugiados”, segundo Ramadan.