A Lei Maria da Penha introduziu no cenário nacional a reflexão a respeito da violência doméstica e hoje, passados sete anos de sua criação, a legislação é conhecida por 98% da população brasileira.
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Na pesquisa recente, realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e Data Popular e intitulada “Percepção da Sociedade sobre Violência e Assassinatos de Mulheres”, outros dados são igualmente reveladores: 70% dos entrevistados acreditam que a mulher sofre mais violência dentro de casa do que em espaços públicos. Citam a vergonha (66%), o medo de ser assassinada (58%) e a dependência econômica (47%) como principais razões de permanência no relacionamento abusivo.
O fim da relação é visto como momento de maior risco na vida da mulher por 43% dos participantes e 50% deles consideram que a forma com que a Justiça pune não reduz a violência doméstica.
Embora gerada a expectativa da efetiva punição dos agressores, é importante lembrar que o espírito da lei é dar equivalência à parte mais vulnerável. Portanto, além de medidas públicas voltadas ao combate desta enfermidade social crônica, é essencial que as mulheres aprendam a identificar e a rechaçar os primeiros sinais de violência, pois ela se instala de maneira insidiosa, corrói a autoestima e anula a capacidade de agir para mudar a situação.
Segundo Marie-France Hirigoyen, psicóloga francesa e autora do livro A Violência no Casal, ‘é por meio de uma compreensão perspicaz de quais são os detonadores da violência que sofrem que as mulheres poderão se desvencilhar da submissão que as paralisa’.
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A cultura secular da dominação patriarcal não se desfaz em sete anos, mas talvez não sejam necessários 70 anos para libertar homens e mulheres de seus estereótipos e entender que respeito e confiança continuam sendo as bases de um relacionamento saudável.