O mesmo vestido branco bordado usado no baile de debutante de Arlete Monich Fronza, 62 anos, a vestia no dia em que foi eleita a primeira rainha da Festa das Flores de Joinville, em 1964. Sem coroação, Arlete, que na época tinha 17 anos, recebeu uma singela faixa de pano que representava o agradecimento da organização do evento pela maior venda de rifas, isso porque a candidata era escolhida pelo quanto arrecadasse em dinheiro, que tinha as causas sociais como destino.
Continua depois da publicidade
Poucas folhas dos bloquinhos de rifa separavam Arlete da segunda colocada e amiga Ivone. Naquela época, a Festa das Flores ocorria na Sociedade Harmonia-Lyra e, apesar de já estar na sua 26ª edição, era a primeira vez que o evento contava com a escolha de uma representante. Diferentemente de hoje, Arlete conta que as candidatas eram todas conhecidas umas das outras.
– Nós éramos amigas. A festa era bem simples. Eu só coloquei o vestido depois que soube que tinha ganhado – lembra.
Filha do político Curt Alvino Monich, também um dos donos da Lumière, fábrica de roupas íntimas femininas, Arlete passou boa parte de sua vida envolvida pelo negócio da família. Além de ajudar a gerenciar a fábrica, era ela também quem trazia as tendências em tecidos, cores e modelos de outros países para serem aplicadas nas peças produzidas em Joinville e que faziam sucesso tanto no Brasil quanto no mercado externo.
Com a morte do pai e principalmente por causa da crise financeira que afetara o País naquela época, a empresa acabou fechando as portas em 1985, e Arlete resolveu se dedicar apenas à família. Da fábrica, a ex-rainha só guarda boas recordações. Hoje, quando passa pelo terreno em que trabalhou durante muitos anos, e onde agora fica localizada uma faculdade (Anhanguera), Arlete se sente consolada.
Continua depois da publicidade
– Meu pai sempre se preocupou com a educação, tanto que ele sempre dava bolsas de estudos para crianças carentes. Ver que no mesmo lugar existe uma faculdade me deixa muito feliz – avalia.
Além de participar da Festa das Flores, ela também representou Joinville em um festival de chope no Rio de Janeiro, junto com outras moças de Santa Catarina. Casou aos 24 anos – idade que ela considera tarde perante as amigas que, na mesma época, já tinham filhos – com o médico Luiz Carlos Fronza, que a conheceu em um baile no Clube Joinville. Ele é seu companheiro há 37 anos e, com ele, tem três filhos.