A primeira semana de janeiro costuma marcar a chegada em maior número dos turistas argentinos que vêm passar o período de férias nas praias de Santa Catarina. Este ano, porém, pela segunda temporada seguida, a vinda dos hermanos ao Estado ocorre de forma reduzida em comparação a anos anteriores.

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A crise econômica que a Argentina atravessa é a principal razão para o menor número de visitantes do país vizinho a Santa Catarina. Nos últimos meses de 2019 houve um agravante. Uma decisão do novo governo argentino, de taxar em 30% os gastos em dólares fora do país, complicou de vez os planos das famílias que pretendiam passar as férias em solo catarinense.

O superintendente de Turismo de Florianópolis, Vinícius de Lucca Filho, afirma que alguns sinais positivos até existem, como a ocupação na casa de 90% dos voos da companhia aérea Flybondi, que passou a voar de Buenos Aires para Florianópolis no final de dezembro.

No entanto, ele reconhece que a movimentação de argentinos na cidade ainda é tímida. Segundo ele, os turistas que vieram são os que já haviam comprado antecipadamente o pacote.

– Estamos finalizando a primeira semana de janeiro, quando veio a primeira leva, mas com pouca força. Temos poucos argentinos no trânsito, na ocupação de hotéis, com raras exceções de estabelecimentos em Cachoeira do Bom Jesus e Canasvieiras – explica.

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Os dados para indicar que a vinda dos argentinos realmente diminuiu ainda são poucos. Uma pesquisa da Associação Brasileiras de Bares e Restaurantes (Abrasel-SC) informou que 70% dos estabelecimentos do Litoral de SC tiveram manutenção ou queda no número de clientes estrangeiros no período de fim de ano e nos primeiros dias de 2020.

O presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Florianópolis (SHRBS), Estanislau Bresolin, afirma que um primeiro balanço sobre a vinda de argentinos deve ser feito no começo da próxima semana com empresários do ramo hoteleiro.

No entanto, o dirigente do setor antecipa que, por enquanto, a impressão é de um movimento de argentinos capaz até de agradar:

Por enquanto, não está tão surpreendente negativamente quanto poderia ter acontecido".

Segundo o dirigente, janeiro deve fechar com média de ocupação entre 70% e 80% nos hotéis e pousadas da Capital. Esse número indicaria uma manutenção do volume dos anos anteriores. Conforme Bresolin, para haver crescimento, será preciso ter mais de 80% dos leitos ocupados no primeiro mês do ano.

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Participação de estrangeiros deve ser inferior a 20%

Sem os argentinos vindo em massa para SC, quem aumentou a participação entre os visitantes nas praias foram os turistas paraguaios, que superam até mesmo os chilenos, e aproveitam um momento estável na economia do país para visitar o Litoral de SC.

Outro destaque é o chamado público interno – catarinenses ou moradores de outros Estados, como São Paulo, que têm vindo em grande número a Florianópolis, segundo o superintendente de Turismo da Capital.

É graças a esse público que o turismo catarinense pode ter motivos para comemorar ao final da temporada. Até aqui, esses públicos já garantiram um crescimento na hotelaria no último Natal, quando a ocupação cresceu 7,7% em Florianópolis, e também no Réveillon, que teve alta de 1,3%, alcançando a melhor virada dos últimos 10 anos.

Movimento nas praias
Movimento nas praias (Foto: Diorgenes Pandini, Diário Catarinense)

O resultado é que a participação dos estrangeiros no leque de turistas deve diminuir. Em Florianópolis, os visitantes de outros países representaram 22,6% do total de visitantes na cidade, segundo pesquisa da Fecomércio-SC. Para esta temporada, o superintendente Vinícius de Lucca Filho afirma que os estrangeiros não devem passar dos 20%.

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Mesmo assim, graças ao crescimento do público interno, no cálculo geral o dirigente ainda acredita em um crescimento no número de turistas na Capital ao final da temporada.

Outro indicador é a pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-SC), que indicou que durante as festas de fim de ano e o início de 2020, 55% dos bares e restaurantes do Litoral de SC receberam mais público nesta temporada do que no mesmo período do ano passado, mesmo com a queda de turistas estrangeiros apontada até mesmo na própria pesquisa.

Com reservas e preços menores, fevereiro pode ter mais argentinos

A Agência de Desenvolvimento de Turismo de Santa Catarina (Santur) informa que a expectativa é para um crescimento na vinda de argentinos em fevereiro. A previsão se baseia em operadores on-line de turismo, que apontam esse período como o que teve maior número de compras antecipadas. Nesses casos, a taxa de cancelamento dessas vendas que já estavam definidas é de apenas 1%.

Em Balneário Camboriú, onde por enquanto a presença de argentinos também é tímida, a expectativa é a mesma: número maior de hermanos no próximo mês, com base em grupos que já efetuaram reserva para fevereiro.

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A vice-presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Balneário Camboriú (Sindisol), Dirce Fistarol, pontua que os preços mais baixos praticados nesta época do ano e fatores como o início das aulas contribuem para a vinda de determinado público de argentinos.