Nove argentinos que trabalhavam em uma plantação de cebola em Alfredo Wagner, na Grande Florianópolis, voltaram para casa nesta quinta-feira pela manhã com auxílio da polícia argentina. A denúncia de que pelo menos 13 trabalhadores argentinos estavam em situação de trabalho escravo em uma plantação de cebola movimentou o consulado do país em Florianópolis e a polícia.

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Os policiais estrangeiros visitaram a fazenda na quarta-feira e confirmaram não haver trabalho escravo. Mas como o grupo – formado, na verdade, por nove argentinos – estava ilegal no país, teve que voltar. Um dos trabalhadores, Armando Carvalho Gabriel, contou nesta quinta-feira em entrevista ao jornal argentino Diario El Territorio – que havia publicado a denúncia – que o grupo estavam na cidade há um mês e meio, ganhando o dobro do que ganhavam na Argentina, o problema é que permaneciam no Brasil de maneira ilegal.

Agora, os argentinos pensam em regularizar a situação e voltar para Alfredo Wagner legalmente. O Consulado da Argentina em Florianópolis estava trabalhando com a hipótese de trabalho escravo.

– Em conversa com a mãe de um dos meninos (Marilín Belarmino) a situação parecia grave, haveria crianças envolvidas, e o trabalho parecia escravo. Espero mesmo que não tenha sido e que todos estejam bem – disse o cônsul Emilio Neffa.

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A Polícia Civil de Alfredo Wagner acompanhou a operação da polícia argentina quarta-feira. De acordo com o agente de polícia, Leo Milkievicz, não foi constatado o trabalho escravo. Segundo ele, os argentinos até resistiram a voltar para o país de origem. Eles vieram da província de Misiones, nordeste da Argentina, que faz divisa com Santa Catarina pelo município de Bernardo de Irigoyen. A cidade fica na fronteira com Dionísio Cerqueira, no Oeste.

No relato de um dos trabalhadores que abriu a denúncia publicada no jornal argentino, antes do retorno para a Argentina, eles estariam recebendo em Alfredo Wagner R$ 2 por lote de mil plantas de cebola plantada, pagando a passagem para ir ao trabalho, fazendo jornadas de 12 e 13 horas em condições desumanas, sem comida ou descanso.

Na edição de quarta-feira do jornal Diario El Territorio, o maior da província de Misiones, a mãe de Pablo Rodríguez Ezequiel da Silva, 18, estava aflita por informações do filho, do qual, segundo ela, teria perdido o contato há muitos dias.

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Na Argentina, a denúncia chegou movimentar agentes da Unidade de Assistência em Procuradoria Sequestro Ransom e Tráfico de Pessoas e os Direitos Humanos do Estado. No Brasil, até esta quinta-feira, a Polícia Federal não havia iniciado as investigações e, segundo a assessoria de imprensa, aguarda maiores informações do consulado argentino para saber se irá se envolver com a denúncia ou até mesmo indiciar o proprietário da fazenda por trabalho ilegal.