O consulado da Argentina em Florianópolis expôs preocupação a deputados de Santa Catarina sobre furtos e arrombamentos de veículos de turistas que saem do país vizinho para passar o verão no estado. A representação argentina afirma ter recebido 29 relatos do crime na temporada passada e pede agora um canal de comunicação direta com as forças de segurança catarinenses para tratar de eventuais episódios envolvendo os visitantes.
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O apelo do cônsul da Argentina na Capital, Federico Eugenio Costa, foi feito em reunião na quarta-feira (6) com a Comissão de Relacionamento Institucional, das Relações Internacionais e do Mercosul da Assembleia Legislativa catarinense (Alesc).
Cônsul recusou reunião com Segurança Pública
No mesmo dia em que houve o evento na Alesc, no entanto, a Secretaria de Segurança Pública catarinense (SSP-SC) realizou um encontro com representações diplomáticas do Uruguai, Paraguai e Chile para tratar de demandas dos turistas dos países vizinhos neste verão.
O cônsul da Argentina também recebeu convites nos dias 29 de novembro e 4 de dezembro para ir à reunião, mas recusou ambos, alegando que não seria necessário devido ao evento já previsto na Alesc.
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A informação é da secretaria de Articulação Internacional, que também participou do encontro na SSP-SC junto das pastas de Turismo e Administração Prisional e Socioeducativa. Na comissão da Alesc, o cônsul relatou uma outra justificativa por não ter ido à SSP-SC, de que teria um conflito de agendas.
Reclamação anterior de cônsul foi contestada
Na temporada passada, o cônsul portenho de Florianópolis também veio a público para reclamar de furtos contra argentinos no Litoral catarinense, conforme registrou o colunista do NSC Total Renato Igor à época. Na ocasião, as forças de segurança do Estado rebateram, contudo, que os furtos contra turistas argentinos haviam diminuído 20% em relação ao último verão antes da pandemia, entre 2019 e 2020.
Em novo contato do NSC Total, desta vez por conta da alegação do cônsul argentino na Alesc, o governo catarinense voltou a reafirmar melhora nos índices de segurança.
“Vale ressaltar que o Estado de Santa Catarina em 2023 apresenta queda nos principais indicadores de criminalidade, como homicídios, latrocínios, roubos e furtos”, escreveu a SSP-SC, em nota.
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Também ao NSC Total, o secretário de Articulação Internacional do estado, Juliano Froehner, afirmou, após a publicação desta reportagem, que, já na ocasião do ruído anterior, o cônsul Federico Eugenio Costa havia sido adicionado a um grupo de WhatsApp com outros cônsules e chefes das forças de segurança catarinenses, justamente para facilitar a comunicação entre as partes.
O representante argentino deixou o grupo, no entanto, horas depois. Ele foi recolocado agora no canal de comunicação direta, ainda de acordo com Froehner, que também esteve na reunião da Alesc.
— Nós temos, particularmente, um apreço pelos nossos visitantes argentinos, por conta do volume e pelo tempo que eles passam aqui. Então, nós queremos que essa relação cresça. Prova disso é o aumento do número de voos, acabamos de receber um novo voo da JetSmart de lá para cá. Nossos turistas catarinenses também estão indo mais para a Argentina, e esse intercâmbio é bom — diz o secretário.
Uruguaios também pedem canal direto
Na reunião na Alesc, o cônsul argentino também expôs preocupação com o acesso às informações de turistas que eventualmente sejam internados em hospitais catarinenses.
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— Quando vamos pedir informação para a família que está lá na Argentina, não conseguimos, por causa do sigilo — disse Costa aos deputados, conforme divulgado pela própria Alesc. A dificuldade no trâmite é derivada, contudo, da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), de imposição nacional.
A cônsul do Uruguai na cidade, Tamara Guridi Fernández, também participou da reunião e endossou o relato sobre a dificuldade de diálogo com os hospitais. A maior reclamação dos uruguaios, no entanto, também foi sobre a sensação de insegurança que teriam com furtos.
— Não temos tantas ocorrências, até porque o número de visitantes é menor em comparação com a Argentina. No verão passado, tivemos conhecimento de três casos de arrombamento de veículo com furto de pertences — relatou a cônsul uruguaia à comissão da Alesc.
Ela afirmou ainda que os turistas que são alvos de crimes têm dificuldade no preenchimento do boletim de ocorrência (BO) on-line, por conta das informações exigidas. O deputado Mário Motta (PSD), que integra a comissão da Alesc, sugeriu a disponibilização do cadastro em espanhol.
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Já o presidente da comissão, o deputado Carlos Humberto (PL), afirmou que encaminharia um ofício à SSP-SC para solicitar o aprimoramento da comunicação entre as polícias e os consulados dos dois países.
Anteriormente, o preenchimento do BO on-line já havia passado a ter um novo campo, de número de passaporte, para atender turistas estrangeiros. A SSP-SC avalia agora acrescentar um item sobre identidade para os visitantes do Mercosul, já que eles não precisam de passaporte para vir ao Brasil.
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