Começou nesta segunda-feira uma ofensiva do governo argentino para tentar legalizar recursos em dólares que estão à margem do sistema financeiro, dentro do país, ou no Exterior. A proposta do governo é oferecer um certificado de investimento em troca da formalização dos recursos, mecanismo que deve mover cerca de US$ 5 bilhões. Os interessados receberão em entidades financeiras um bônus denominado Cedin, destinado a estimular o mercado imobiliário, em troca de dólares que estejam fora do circuito legal, no Exterior, em caixas-fortes de bancos ou até debaixo do colchão, como mostrou pesquisa recente no país.
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Os argentinos com dólares fora do sistema ou no Exterior deverão, até setembro, comprar Certificados de Depósito de Investimento (Cedin) ou bônus para infraestrutura de energia elétrica. A estimativa é de que existam US$ 40 bilhões fora do sistema ou fora do país, valor que poderia triplicar se forem incluídos os paraísos fiscais, segundo o vice-ministro da Economia, Axel Kicillof. Para efeito de comparação, as reservas internacionais do Banco Central da República Argentina (BCRA) chegam a US$ 37,5 bilhões. A oposição rejeitou o projeto no Congresso com o argumento de que legitima a evasão de impostos.
A evasão de dólares se agravou desde 2011, quando a atual presidente Cristina Kirchner implantou um regime de controle cambial que proibiu a venda de dólares para poupança ou negócios com imóveis residenciais, chamado no país de “cepo cambiário”. Era uma tentativa de evitar uma fuga de capitais que atingiu US$ 22 bilhões em 2011 e que caiu a US$ 4 bilhões em 2012 após as medidas, segundo dados do BCRA. A restrição gerou um mercado paralelo de divisas, que os argentinos denominam popularmente “blue”, com cotação que chegou a passar do dobro da oficial. Enquanto a cotação do dólar regular estava em cinco pesos, a do blue superou os 10 pesos. Com o início do processo de legalização, chamado de “blanqueo”, fez o câmbio paralelo descer para o patamar de oito pesos.