O governo argentino voltou atrás em uma das medidas anunciadas na sexta-feira para flexibilizar a política oficial de controle do câmbio no país. A taxa de 35% sobre os gastos com cartão de crédito ou débito de turistas no Exterior, que baixaria para 20% a partir desta segunda-feira, ficará no mesmo patamar.

Continua depois da publicidade

A informação foi confirmada pelo ministro da Economia argentina, Axel Kicillof, em entrevista ao jornal Pagina 12, de Buenos Aires. A taxação mais alta vigora desde novembro de 2013 e foi uma das primeiras ações de Kicillof ao assumir a pasta. A intenção à época foi frear a saída de dólares do país, como forma de aliviar as pressões de desvalorização do peso.

O ministro, porém, não explicou se a medida anunciada na sexta-feira foi apenas adiada ou se o governo argentino decidiu desistir de baixar a taxa para os gastos com cartão para 20%. Na entrevista ao jornal portenho, justificou apenas que o turismo interno havia melhorado na Argentina e que as pessoas que viajam para o Exterior têm alto poder aquisitivo e gastam dólares sem limite no cartão.

A principal medida anunciada pela Casa Rosada, entretanto, não sofrerá alteração. A partir de segunda-feira, os argentinos poderão voltar a comprar dólares como forma de investimento, o que era proibido desde 2011. O pacote foi uma tentativa de acalmar o mercado cambial após a forte desvalorização do peso na semana passada.

Apenas em janeiro a moeda argentina perdeu 22% do valor ante do dólar. Para especialistas, o agravamento é resultado da longa série de medidas de intervenção na economia, descumprimento de contratos, maquiagem da inflação e confrontos com o capital privado desde que o casal Kirchner chegou ao poder.

Continua depois da publicidade

Governo vai reforçar o monitoramento de preços

A crise argentina colocou os países emergentes, entre eles o Brasil, em alerta quanto a um possível risco de contágio. Os desdobramentos na crise cambial no terceiro maior parceiro econômico do país e possíveis reflexos nas exportações estão sendo monitorados pelo Banco Central.

Para “evitar abusos”, o ministro-chefe do gabinete da Presidência, Jorge Capitanich, disse que o governo reforçará o monitoramento dos preços. O recado aos empresários foi dado por meio do Twitter, depois que Alfredo Coto, dono de grande rede de supermercados que tem seu sobrenome, disse que a desvalorização do peso fará os preços oscilarem. O comentário foi feito sábado em inauguração de uma loja na cidade de Mendoza.

Logo em seguida, o governo argentino respondeu pela rede social. As declarações de Capitanich, reproduzidas pela agência de notícias do governo, indicaram também a intenção de monitorar os preços de produtos eletrônicos, automotivos e eletrodomésticos, os que mais agregam insumos importados.