A Justiça argentina confirmou nesta sexta-feira o indiciamento e a prisão preventiva de quatro ex-pilotos acusados de participar dos chamados “voos da morte”, nos quais eram jogados ao mar os presos da ditadura (1976-1983), entre eles uma freira francesa.

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A Câmara Federal considerou que “há provas” sobre a participação dos pilotos nesses voos, particularmente em um de 14 de dezembro de 1977, informou uma fonte judicial. Nesse voo da morte, foram jogadas vivas no mar a freira francesa Léonie Duquet, assim como as fundadoras da organização Mães da Praça de Maio, Azucena Villaflor, Esther Ballestrino e Eugenia Ponce, e a ativista humanitária Angela Auad, segundo a promotoria.

Essas mulheres foram vítimas dos voos da morte após ficarem no campo de concentração da Escola de Mecânica da Armada (Esma), por onde passaram 5 mil opositores, dos quais uma centena sobreviveu. Os tripulantes desse voo foram identificados em março passado e depois processados pela Justiça Federal. Trata-se dos pilotos Enrique de Saint Georges, Mario Arru, Alejandro D’Agostino e Rubén Ormello, que trabalhavam para a estatal Aerolíneas Argentinas até sua prisão.

A Câmara ratificou também o indiciamento do advogado Gonzalo Dalmacio Torres de Tolosa, ao considerá-lo o único civil a ter participado dos voos e torturado presos na Esma, o mais emblemático centro de tortura e extermínio da ditadura. Os corpos da freira e das militantes humanitárias foram encontrados em uma praia da costa atlântica argentina no fim de 1977 e, depois de terem sido enterrados sem identificação em um cemitério da região, foram identificados em 2005.

Nesse processo, vários membros da Marinha foram condenados a prisão perpétua na Argentina, incluindo Alfredo Astiz, apelidado de “o Anjo Loiro da Morte”. Todas as vítimas foram sequestradas junto a outras sete pessoas que continuam desaparecidas, entre elas a freira francesa Alice Domon, em uma operação realizada entre 8 e 10 de dezembro de 1977. Cerca de 30 mil pessoas desapareceram durante o regime militar, segundo órgãos humanitários.

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