A área de cultivo de trigo em Santa Catarina terá redução de 8% em 2019. Essa é a estimativa divulgada no Boletim Agropecuário mais recente do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri (Cepa/Epagri), com base nos dados do plantio atual, já encerrado. No ano passado, foram cultivados 53,9 mil hectares, e a estimativa para esta safra é de 49,4 mil hectares.

Continua depois da publicidade

De acordo com o engenheiro-agrônomo João Rogério Alves, do Cepa/Epagri, a redução ocorre devido ao custo de produção.

— Houve um aumento no custo dos insumos devido à alta do dólar em relação ao ano passado e o custo está em R$ 39 a saca, e o preço pago ao produtor está em R$ 42. O consumo está caindo. O que houve foi uma revisão na produtividade, pois depois de muita chuva próximo do plantio o frio seco das últimas semanas ajudou no desenvolvimento das plantas — destaca Alves.

Com isso, a produtividade estimada do plantio de trigo em 2019, segundo o Cepa/Epagri, seria de 3,1 mil quilos por hectare, em um aumento de 3% em relação à safra do ano passado, que registrou média de 3 mil quilos por hectare.

Também houve uma revisão na estimativa de produção para este ano, que passou de 145 mil toneladas para 153 mil toneladas. Com isso a produção, que foi de 162 mil toneladas, deve cair 10%, atingindo 145 mil toneladas.

Continua depois da publicidade

O assistente comercial da Cooperativa Agroindustrial Alfa (Cooperalfa), Luís Henrique Kessler, diz que no Oeste a redução de área foi ainda maior.

— Aqui a redução na venda de sementes foi de 30%. Com isso, teremos que importar mais. Além disso, haverá uma quebra de produção no Sudoeste do Paraná devido à geada. Com isso, já houve um aumento de R$ 100 por tonelada — relata Kessler.

O agricultor Valdecir Rosina, da linha Faxinal dos Rosas, em Chapecó, reduziu o plantio de 100 para 65 hectares. Ele também reclama do aumento dos insumos em relação ao ano passado.

Reduzi por causa do preço que não vale a pena. No ano passado tive prejuízo em algumas áreas. Vou plantar ainda para ter cobertura do solo no inverno. No restante da área vou colocar gado de corte e engordar uns bois que dá mais resultado — afirma Valdecir Rosina.

Outros produtores, como Flávio Fonseca, preferem fazer duas safras de verão em vez de colocar trigo no inverno, o que atrasaria o plantio de verão. Ele plantava de 200 a 300 hectares do cereal, mas nos últimos três anos optou por fazer uma safra de feijão e outra de soja.

Continua depois da publicidade

Fonseca argumenta que em outros países, como na Argentina, o custo de produção é menor e acabam vendendo mais barato para o Brasil — que produz 5 milhões de toneladas de trigo e importa 7 milhões de toneladas.