O procurador-geral da República, Augusto Aras, solicitou ao STF (Supremo Tribunal Federal), nesta segunda-feira (20), abertura de inquérito para investigar as manifestações do dia anterior. A íntegra do pedido não foi divulgada até o momento. No site, a PGR informa que Aras quer apurar possível violação da Lei de Segurança Nacional por "atos contra o regime da democracia brasileira por vários cidadãos, inclusive deputados federais, o que justifica a competência do STF".

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No domingo (19), em cima da caçamba de uma caminhonete, diante do quartel-general do Exército e se dirigindo a uma aglomeração de apoiadores pró-intervenção militar no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que "acabou a época da patifaria" e gritou palavras de ordem como "agora é o povo no poder" e "não queremos negociar nada".

— Nós não queremos negociar nada. Nós queremos ação pelo Brasil – declarou o presidente, que, na ocasião, participava pelo segundo dia seguido de manifestação em Brasília, provocando aglomerações em meio à pandemia do novo coronavírus.

— Chega da velha política. Agora é Brasil acima de tudo e Deus acima de todos.

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Já nesta segunda, Bolsonaro procurou mudar o tom.

— Peguem o meu discurso. Não falei nada contra qualquer outro Poder. Muito pelo contrário. Queremos voltar ao trabalho, o povo quer isso. Estavam lá saudando o Exército brasileiro. É isso, mais nada. Fora isso é invencionice, tentativa de incendiar a nação que ainda está dentro da normalidade – disse Bolsonaro durante a manhã.

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O presidente se mostrou bastante incomodado com as críticas que recebeu por participar de ato de apoiadores pró-intervenção militar, com gritos contra o Congresso Nacional e o STF e pressão pelo fim do isolamento social recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) contra a pandemia.

A fala de Bolsonaro e sua participação no ato de domingo em Brasília, no Dia do Exército, provocou outras fortes reações no mundo jurídico e político. Ainda no domingo, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), repudiou o ato. Por meio de uma rede social, o deputado disse ser uma "crueldade imperdoável" pregar uma ruptura democrática em meio às mortes da pandemia da covid-19.

"O mundo inteiro está unido contra o coronavírus. No Brasil, temos de lutar contra o corona e o vírus do autoritarismo. É mais trabalhoso, mas venceremos", escreveu Maia. "Em nome da Câmara dos Deputados, repudio todo e qualquer ato que defenda a ditadura, atentando contra a Constituição."

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