Uma cerca de arame com lâminas cortantes instalada em cima do vidro anticuspe indignou alguns torcedores no Estádio Alfredo Jaconi, na noite de terça-feira, durante o jogo contra o Paraná, pela Série B do Brasileiro. A cena de presídio abriu discussão entre torcida, dirigentes e autoridades. Mas a direção já avisou que vai retirar o motivo da polêmica.
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Em dois jogos recentes no Jaconi, torcedores cuspiram nos bandeirinhas que trabalharam ao lado do setor das gerais. A primeira vítima foi o auxiliar paranaense Bruno Boschilia, dia 8 de abril, na derrota de 2 a 1 para o Vitória, pela Copa do Brasil. O fato se repetiu nos 2 a 0 sobre o ABC, dia 23 de maio, com o assistente carioca Ricardo Almeida.
O clube foi a julgamento no primeiro caso e absolvido sem maiores dificuldades no Superior Tribunal de Justiça Desportiva. Sobre o segundo ato, ainda não houve notificação, mas é provável que ocorra em breve. O árbitro de Juventude e ABC, Gutemberg de Paula Fonseca, relatou as cusparadas na súmula. E como o clube é reincidente, deve haver punições.
Tentando evitar maiores problemas, o vice-presidente de patrimônio do Juventude, José Antônio Boff, o Boffinho, tomou a iniciativa de mandar colocar um vidro anticuspe no local. Até aí, tudo bem. Só que junto com o vidro foi instalada uma cerca com arames cortantes no formato chicote, o que revoltou alguns torcedores.
– Sou contra cuspir nos bandeirinhas, mas essa cerca de presídio não precisava. Só o vidro, tudo bem – disse o professor Paulo Brandão, 35 anos, que assistiu à partida no local.
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Já o aposentado Celestino Bortogaray, 62, não foi ao jogo, mas ficou preocupado com a repercussão:
– Tem de conscientizar os torcedores ao invés de colocar vidro. Mas se não há outra alternativa, até sou a favor. O problema é que colocam isso na internet e fica parecendo que aqui tem uma tropa de bicho.
Câmeras não conseguiram identificar os torcedores
Em viagem a São Paulo, o vice José Antônio Boff avisou que vai retirar a cerca de arame farpado:
– A intenção da cerca não era agredir. Ela foi usada nesse jogo porque o vidro, dado por um fornecedor amigo nosso, não tinha o tamanho ideal. Vamos tirar. A ideia é colocar vidro em toda a volta do campo, no estilo europeu.
Também em viagem à capital paulista, o presidente Sérgio Florian esclareceu por que os torcedores que cuspiram nos bandeirinhas não foram identificados pelas câmeras do estádio.
– Não foi possível identificar ninguém porque a câmera é móvel e não pegou o momento exato das cusparadas. Como ela não fica parada, só temos imagens de torcedores perto da tela após o ato – informou Florian.
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O que eles dizem |
Você concorda com a instalação do vidro e do arame no Estádio Alfredo Jaconi? |
“Infelizmente, uma minoria está fazendo com que todos paguem. O clube não tem culpa, 99% da torcida não tem culpa, mas as atitudes estão tendo que ser tomadas. Parece que estamos dando um passo atrás”. |
Felipe Gremelmaier, secretário municipal de esportes |
“O clube está agindo preventivamente. É uma medida drástica, de caráter pedagógico. Na Europa, eles têm retirado o alambrado porque lá a punição é exercida. Momentaneamente, é um mal necessário. O arame é um tanto grotesco, mas temos que respeitar a atitude do clube”. |
Gustavo Toigo, vereador e torcedor do Juventude |
“É uma precaução que o clube está tendo, para evitar punições futuras. Houve várias tentativas da direção de fazer com que os torcedores não fizessem isso. Acredito que não prejudique de forma nenhuma para a Copa, porque vai preservar quem estiver trabalhando”. |
Marcos Cunha Lima, ex-presidente do Juventude |
“O Juventude sempre foi muito pioneiro, foi um dos primeiros estádios a ter câmera de vídeo. Eu retiraria o alambrado e colocaria um vidro mais alto. É preciso identificar os torcedores e criar formas de punição, até banindo do estádio. O arame é um pouco demais”. |
Gilberto Pepe Vargas, deputado federal e torcedor |