A gente sabe que o ano está acabando quando nas vitrines aparecem as primeiras decorações de natal, e em casa os potes ficam cheios daquelas bolachas cobertas com glacê. Mas nada mais representa o espírito natalino do que a música. Em todos os rincões da cidade grupos amadores de canto coral fazem apresentações singelas porém belíssimas de canções sacras ou não, e até o mais apressado dos transeuntes se emociona ou ver e ouvir um coro nas escadarias da Catedral Metropolitana de Florianópolis, por exemplo. É dezembro, o mês da temporada oficial de corais.

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– É uma atividade muito intensa em Florianópolis – afirma Carlos Besen, 71 anos, fundador do coral universitário da Udesc.

Tão intensa que foi difícil para a reportagem do Diário Catarinense contabilizar as dezenas de corais amadores da cidade. Segundo a musicista Simone Gutjahr, 39 anos, professora de prática de coral na faculdade de música da Udesc, são pelo menos 30.

Órgãos públicos, igrejas, hospitais, empresas, universidades, escolas públicas e particulares ou apenas associações comunitárias, quase todos têm o grupo de cantores engajados que nas semanas que antecedem o 25 de dezembro se revezam em concertos, que podem ser na rua ou mesmo em shopping centers. Isso sem contar os coros profissionais, como o Polyphonia Khoros, para citar um deles.

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– O ambiente natalino e de final de ano agrega mais. É também uma maneira de demonstrar o que foi feito durante o ano, uma atividade de encerramento, fechamento de um ciclo – diz Simone.

Coral mais antigo foi fundado em 1960

Subindo pela rua Maestro Aldo Krieger, no bairro Córrego Grande, chega-se a um pedaço de mata nativa preservado com um imóvel construído com pedras. Parece que se está chegando ao céu. O nome é muito apropriado para uma rua onde se localiza a sede da Associação Coral de Florianópolis, um dos coros mais antigos da cidade. Fundado em 1960, o coral tem ensaios todas as terças e quintas-feiras, e nunca, em 53 anos de história, teve as atividades interrompidas.

Muitos dos integrantes cantam há mais de 30 anos, como Dey Cabral Soares, 84, e Luiz Carlos de Melo, 83. Os dois são os mais velhos do grupo formado por cerca de 60 pessoas.

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– Temos atividades o ano inteiro. Mas o ano é dividido em duas temporadas, com dois espetáculos, mais as apresentações de natal – afirma o regente Tibi Laus, 69 anos.

Numa terça-feira do final de novembro, o grupo se reunia antes do ensaio principal na grande sala da sede, e emendava vogais melodiosas: AaAaAaAaA. IiIiIiIiIiIi. Era o aquecimento da voz. Sopranos, contra-altos, barítonos e tenores, naipes que formam o coral, posicionados esperavam o comando do maestro. Por sua vez, Tibi Laus, em frente ao seu coro, agia como um pintor: ia juntando as cores, ou as vozes, e harmonizando-as e combinando-as até formar uma pintura ou canção perfeita.

– Não precisa ser um cantor extraordinário, só precisa ser afinado – encoraja o maestro.

História remonta à antiguidade

A história da prática de canto coral remonta à antiguidade. Já no Egito e na Mesopotâmia se têm registros da prática, então muito ligada aos rituais religiosos. E era canto em uníssono, com pouca variação melódica.

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– A partir do século 12 foram acrescentando novas vozes ao coro e no século 15 surge o coral como se conhece hoje, polifônico, cantado a quatro vozes, duas femininas e duas masculinas – explica a professora Simone Gutjahr.

O maestro Tibi Laus ressalta que na Idade Média somente os homens cantavam. As mulheres cantavam apenas confinadas nos conventos.

– As pessoas ligam o canto coral somente ao tema sacro, mas isso deve ser desmitificado. Já na Renascença muitos compositores italianos se dedicaram a compor madrigais com temas alegres e de amor – acrescenta Simone.

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Em Florianópolis, muitos corais surgiram a partir dos anos 1960, como lembra o maestro, professor e um dos fundadores do Centro de Artes (Ceart) da Udesc, Carlos Besen.

Entre eles estão o Coral Santa Cecília da Catedral, Associação Coral de Florianópolis, Coral da UFSC, Coral do Colégio Coração de Jesus, Coral do Instituto Estadual de Educação.

– A criação da faculdade de música da Udesc, nos anos 1970, foi fundamental para o surgimento de novos corais, com a formação de músicos e regentes – salienta o ex-professor.

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Dessa época, ele destaca corais como o da Udesc, da Escola Técnica Federal / Instituto Federal de Santa Catarina, coral da Pró-Música, que se transformou no Polyphonia Khoros.

:: Agende-se

11/12

19h – Coral do Colégio Adiventista, no Floripa Shopping

20h – Coral Associação Hospital de Florianópolis, Shopping Itaguaçu (rua GerôncioThives, 1.079, Barreiros, São José)

20h – Coral Encantos – ensaio geral, na Paróquia São João Batista e Santa Luzia (rua Prefeito Dib Cherem, 2.698, Capoeiras, Florianópolis)

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12/12

20h – Coral da UFSC – ensaio aberto, na Igrejinha da UFSC (praça Santos Dumond, Trindade, Florianópolis)

20h30 – Associação Coral de Florianópolis, na Paróquia São Judas Tadeu e São João Batista (rua João Febrônio de Oliveira, 65, Ponte do Imaruim, Palhoça)

13/12

20h – Coral do Colégio Gardner, no Shopping Itaguaçu

15/12

18h – Coral do Colégio Marco Inicial, no Floripa Shopping

20h20 – Associação Coral de Florianópolis, na Paróquia São João Evangelista (praça Nereu Ramos, Centro, Biguaçu)

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16/12

20h – Coral da UFSC, na Igreja São Sebastião (rua Auroreal, 260, Campeche, Florianópolis)

19h30 – Coral Encantos, no Teatro Ademir Rosa (CIC, av. Irineu Bornhausen, 5.600, Agronômica, Florianópolis. R$ 20)

17/12

18h30 – Associação Coral de Florianópolis, na Catedral Metropolitana de Florianópolis (rua Padre Miguelinho, 55, Centro, Florianópolis)

18/12

19h – Coral Irmãos Sterlings, no Floripa Shopping

19h – Coral Encanto, no Posto Joia (rua General Eurico Gaspar Dutra, Estreito, Florianópolis)

20h – Coral Vozes do Divino, no Shopping Itaguaçu

20/12

19h – Coral Encantos, na escadaria da Catedral Metropolitana de Florianópolis

20h – Coral Floripa Encanta, no Shopping Itaguaçu

23/12

19h – Camerata e Polyphonia Khoros, na escadaria da Catedral Metropolitana de Florianópolis