Foi-se a época que aprender se limitava ao conteúdo trazido pelos livros e a uma didática ortodoxa. Hoje, o aprendizado vai além da sala de aula e algumas iniciativas simples têm mudado a vida de crianças e adolescentes. Em Itapema, por exemplo, quatro escolas da rede municipal implantaram um programa para a correção do fluxo educacional de estudantes de idades avançadas.

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O programa Ciclo Fundamental tem como objetivo possibilitar que alunos de 5ª e 6ª séries, repetentes, ou que pararam de estudar e retornaram, concluam o ensino médio em menos tempo. Assim, eles deixam a sala de aula regular e por um ano e meio frequentam as aulas do ciclo, que trabalha todas as matérias requisitadas, mas de forma intensiva.

Na escola Maria Linhares de Souza, no Bairro Alto São Bento, a segunda turma do ciclo se formará no ano que vem. Os 26 estudantes, entre 15 e 17 anos, da turma são o verdadeiro orgulho da professora de Português e Inglês Regiane da Silva.

– Estes adolescentes são tidos como problema. Então chegam aqui com a autoestima muito baixa e temos que trabalhar essa questão também, mostrar que eles podem vencer – explica.

Esta questão, segundo a educadora, é um dos pontos primordiais no trabalho com os estudantes do ciclo. Por se sentirem inferiorizados diante das crianças do ensino regular, muitos chegam a ser agressivos com os colegas.

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– Como são mais velhos, para eles às vezes é difícil conviver com os outros alunos, que ainda são crianças. Aqui eles são todos iguais – diz.

Regiane comenta que a maior parte desses alunos, que reprovam muitas vezes de ano ou que acabam tendo de largar os estudos e voltam em idade avançada, não tem o devido apoio da família em relação à escola. Por isso, os professores do ciclo também acabam fazendo esse papel de disciplinar e trabalhar questões como sexualidade.

Além de preparar os alunos para ingressar no ensino médio, o ciclo também forma os estudantes para o mercado de trabalho. Os professores ensinam desde a confecção de um currículo até como se portar numa entrevista.

De acordo com a diretora, Ângela Beatriz Bosio, grande parte dos alunos que se formaram no primeiro ciclo, iniciado em agosto de 2010, conseguiram emprego e entraram no ensino médio. Muitos deles mantêm contato com a escola, usando a sala de informática para fazer trabalhos.

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Ela acredita que dentro de dois ou três anos o programa poderá ser extinto, por não haver mais a necessidade deste nivelamento. Em todo o município, 960 estudantes fazem parte do programa.

Projeto bate lata, de Camboriú, atua como reforço escolar

O auxílio à aprendizagem nem sempre está relacionado só ao conteúdo da escola. Muitas vezes, atividades extracurriculares auxiliam no desenvolvimento intelectual, especialmente quando há essa cobrança. É o caso do projeto Latarte, de Camboriú. Quem participa das oficinas promovidas pela ONG tem a obrigação de fazer, antes, todas as tarefas da escola e conta com supervisão de professores.

O projeto, que nasceu em 2006, tem como foco possibilitar que no período de contra turno escolar as crianças do Bairro Monte Alegre, onde fica a sede, não fiquem na rua. Hoje, 150 crianças, estudantes da rede pública, entre seis e 14 anos participam do projeto.

A ONG conta com 10 oficinas de música, dança e cultura. O batuque cadenciado, que se ouve logo na entrada da instituição, vem da garotada que estuda percussão com o auxílio de latas de tinta e baquetas.

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A ideia surgiu devido a carência de recursos para a compra de instrumentos musicais. Hoje, o bate lata é um dos pontos fortes do grupo, convidado para várias apresentações ao longo do ano.

Mas para ser liberado para as aulas, o dever de casa precisa estar em ordem. Sempre que os participantes chegam para as atividades formam duas filas, uma para quem tem lição e outra para quem não tem. Os professores conferem todos os cadernos e quem possui tarefas a fazer fica nas salas de leitura ou de informática.

Só depois de tudo pronto é que eles são liberados para as oficinas. Os trabalhos são supervisionados por duas professoras, o que tem melhorado o desempenho das crianças dentro de sala de aula.

– A maioria das crianças são filhos de pais que trabalham. Se não estivessem aqui estariam em casa sem supervisão, ou na rua – explica a coordenadora Rose Figueiredo.

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Rodrigo Mota, 13 anos, não acompanhou os jogos Paralímpicos então teve de fazer uma pesquisa na internet para um trabalho de Educação Física. O estudante da 7ª série só se liberou para voltar para a batucada depois do lanche, servido no intervalo.

>> CONFIRA EM VÍDEO O TRABALHO DO PROJETO LATARTE

Professores de Itajaí fazem programa de TV para desenvolver a oralidade

Quando os alunos da rede municipal de Itajaí começaram a estudar mídias no Núcleo Escolar de Contra turno, no Bairro Fazenda, não imaginavam que poderiam se divertir e aprender tanto. Com a ajuda dos professores, as crianças de quatro a nove anos gravaram um programa de TV de culinária.

O intuito da brincadeira foi aprimorar o português e desenvolver a oralidade das crianças. A criançada se empolgou tanto que começou a encenar também cenas das novelas favoritas.

– A oralidade melhorou muito, além disso tínhamos crianças tímidas que acabaram se soltando mais e isso melhorou o desempenho delas em sala de aula – conta a coordenadora do núcleo Ana Paula Inthurn Albino.

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A experiência do trabalho com as mídias também fez com que as crianças passassem a se interessar mais por programas educativos, a partir do conhecimento que tiveram.