Apostilas que seriam usadas pelo governo de Mato Grosso num programa de qualificação de Hotelaria e Turismo para a Copa do Mundo foram impressas com conteúdo tirado de um site de humor, a Descicplopedia – que funciona como paródia do Wikipedia. Os textos constam nas disciplinas de História e Geografia de Mato Grosso.
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Conforme a apostila, o município de Cáceres foi fundado por “índios tabajaras, freiras lésbicas celibatárias e fugitivos de um circo de horrores holandês” e só foi receber as “invenções da roda e do fogo no início do século 20”. Localizada na fronteira com a Bolívia, a cidade é descrita como a maior e mais rica do país vizinho e mais miserável do Brasil, sendo a capital universal da poeira.
E as informações incorretas não param por aí na apostila. Em Santo Antônio de Leverger, que fica a 30 quilômetros de Cuiabá, a grande atração “são os paulistas ignorantes que erraram o caminho para ver o Pantanal de Barão de Melgaço e acabaram lá”. Barão de Melgaço, por sua vez, é chamada de “c..do mundo” e “uma porcaria tão longe de Cuiabá”, “Fétido brejo no Oeste do Brasil” entre outras ofensas. Poconé, no coração do Pantanal, também não foi poupada. A cidade, conforme a apostila, foi fundada por “muambeiros, aventureiros, meretrizes, mercadores e outros tipos comum dos filmes de faroestes que, atraídos pela abundância do ouro, ficaram presos naquele fim de mundo para sempre”.
A cartilha bancada pelo governo do Estado ao custo de R$ 633 mil é vinculada e distribuída pela Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social (Setas), que tem como titular a primeira dama Roseli Barbosa. No texto de apresentação do material, Roseli descreve a iniciativa como um instrumento “para a inclusão e ascensão social”. Procurada a Setas se limitou a repercutir uma nota divulgada pelo Instituto Concluir, o responsável pela confecção do material e aplicação dos cursos.
Na nota, o instituto diz assumir toda e qualquer responsabilidade pela elaboração do material e pede “desculpas aos municípios e munícipes, que de alguma forma sentiram-se ofendidos com o teor das informações”. Assinada pelo presidente da entidade, Edvaldo de Paiva, a nota ressalta que houve sabotagem. A Polícia Civil investiga a possibilidade.
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Somente no ano passado, o instituto recebeu R$ 12 milhões do governo estadual, por meio de convênios firmados com a Setas, Fundo Estadual de Amparo ao Trabalhador (FEAT) e Fundo Estadual de Assistência Social, conforme dados do Sistema Integrado de Planejamento, Contabilidade e Finanças.