O pequeno Giancarlo não nega seus 3 anos. Ativo e esperto, o garoto é uma fonte inesgotável de energia que passeia pelo apartamento.
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– Ele está sempre querendo brincar e aprender – diz a mãe coruja, a dentista Bianca Stracquadanio.
Para garantir a diversão necessária à idade e ainda ajudar o filho a ganhar mais foco, Bianca decidiu inscrevê-lo em aulas de caratê.
Desde então, além de um Giancarlo brincalhão, ela percebeu que o filho se tornou mais disciplinado e ganhou até mesmo um melhor controle das emoções.
– A prática se tornou uma válvula de escape para as limitações que o apartamento impunha. Mais que isso, o caratê canalizou as frustrações dele. Agora, ele chora menos e está mais atencioso.
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Inquietude é característica infantil, não apenas das crianças mais danadas. Além de terem sempre um gás sobrando, os pequenos são seres eminentemente sociais, que precisam da companhia de outros para construir sua personalidade e, claro, para brincar. Por fatores que vão desde o tempo maior que os pais ficam fora de casa à violência crescente das cidades grandes, cada vez mais as atividades que ocorrem longe do ambiente familiar e escolar se tornam importantes para garantir essa interação.
– Estamos vivendo em casas cada vez menores, e a criança é um ser que explora por natureza e precisa de espaço. Nas grandes cidades, esses espaços precisam ser protegidos, já que há o temor dos pais em soltar os filhos na rua sozinhos. Essas atividades garantem que a criança possa encontrar outras com a segurança necessária – afirma o pediatra Rui Tavares.
Segundo o especialista, os esportes, como as artes marciais e a natação, as artes plásticas e a música estão entre as atividades mais indicadas aos pequenos.
– Aquelas que envolvem arte, como música, pintura e modelagem podem ser muito relaxantes. Os esportes fazem com que elas gastem energia de forma saudável, o que pode ajudar na alimentação e no sono – frisa Tavares.
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Entre as atividades artísticas, a música é uma das que mais encontra adeptos na idade pós-fraldas. Gabriela de Paula Martins, 9 anos, há dois estuda na Escola de Música de Brasília (EMB). Ela enche a boca para garantir que a prática é uma das melhores coisas da sua vida.
– Eu acho que a música ajuda muito. Estou mais atenciosa, mais calma. E sempre meus pais querem me ouvir tocar.
O diretor da EMB, maestro Jonas Correia da Silva, explica que as vantagens que a música traz para as crianças envolvem principalmente os estímulos psicológicos que ela produz.
– Ela pode estimular a animação, bem como a calma e a tranquilidade.
Ele explica que, a partir do momento em que a música se torna um objeto de estudo, os parâmetros sonoros fazem com que os pequenos tenham de aumentar seu nível de atenção.
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– Isso, ela levará durante toda a vida, em qualquer atividade que fizer – completa.
Clarissa Barros, professora de musicalização infantil da EMB, diz que a disciplina exigida pela música é algo que acaba se refletindo em todas as ações da criança.
– A técnica exige postura, e o fato de tocar em grupo faz com que todos tenham uma função. Assim, elas melhoram até mesmo nas relações interpessoais.
Corpo em movimento, mente tranquila
Os esportes também melhoram a qualidade de vida das crianças, mesmo daqueles bem pequenos. Rodrigo Costa, coordenador de atividades aquáticas de uma cademia, assegura que o bem-estar proporcionado pela água é grande, inclusive para os menores de 1 ano.
– A aula para bebês é a hidroestimulação. Como eles ainda estão em uma idade em que não têm tanta coordenação motora, nela eles se libertam e podem obter um gasto energético maior – explica.
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Os efeitos positivos transparecem nas noites mais calmas e no aumento do apetite.
Rodrigo dá aulas para bebês a partir dos seis meses. Já para as aulas de natação, ele sugere os quatro anos como a idade inicial. O profissional enumera o controle da respiração, a melhora postural e o maior relaxamento como as principais vantagens do esporte. João Vitor, de 6 anos, é praticante de natação. Sua mãe, a funcionária pública Kellen Pires, garante que a coordenação motora do filho melhorou significativamente.
– Ele também tem um melhor gasto de energia, algo que é importante em qualquer faixa etária – acrescenta.
Pequenos artistas
A chamada hidroestimulação ou simplesmente natação para bebês ajuda a melhorar o sono infantil
Mesmo aquelas atividades que aparentam exigir menos movimentação têm suas vantagens para os menores. As artes plásticas estimulam o desenvolvimento cognitivo e intelectual.
– Todas as formas de arte trazem esses benefícios – assegura Tatiane Fernandez, arte-educadora que há 15 anos trabalha com essas vertentes direcionadas às crianças.
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Tatiane explica que as aulas de artes plásticas são espaços para que as possibilidades de criação sejam exploradas.
– As crianças conhecem outro mundo por meio da arte. Para elas, não é necessário o estudo do desenho em si. Elas têm maior liberdade para trabalhar a própria poética.
A educadora aponta como outra vantagem trazida pelo estudo da arte o relacionamento com o outro, que se torna mais profundo.
– rincipalmente com o teatro – ressalta.
Cuidado com os exageros
Canalizar as energias infantis para alguma atividade é algo saudável. Entretanto, sobrecarregar o filhote é um passo em direção a problemas.
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– A criança precisa sempre de um tempo para brincar livremente com o que melhor lhe convém. Os pais não podem esperar que ela fique calma com o que faz, mas que possa gastar energia com saúde – esclarece o pediatra Rui Tavares.
Mais que um tempo livre, ela também precisa de momentos compartilhados com os pais.
– As aulas de natação e judô que o João Vitor tem são um benefício extra que em nada substituem as brincadeiras que fazemos juntos. Nada pode ser trocado pelo meu contato com ele – afirma Kellen Pires.
Outro conselho imprescindível para os pais é o cuidado na escolha do que o filho pode fazer. Rui Tavares alerta que uma atividade imposta pode causar traumas, já que impede a criança de fazer o que lhe dá prazer.
– O ideal é que os pais a coloquem em aulas experimentais e analisem se ela está gostando. Mais ainda: devem permitir que a criança troque de prática no momento em que se desinteressar, já que ela não tem idade para escolher de forma definitiva.
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O especialista lembra ainda que os pais devem procurar o pediatra de confiança, pois ele, conhecendo bem a criança, pode indicar atividades baseadas na sua idade e personalidade.