Principal concorrente da Pixar, a Dreamworks costuma apostar no insólito: ogros fofos (Shrek), ursos lutadores de artes marciais (Kung Fu Panda) e agora, em Turbo, uma lesma superveloz. O filme, que está sendo exibido desde o fim de semana passado em sessões de pré-estreia, é a maior aposta de Hollywood entre os longas infanto-juvenis do verão norte-americano.
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Turbo foi feito na medida para pais e filhos que compartilham o gosto por carros e, sobretudo, automobilismo. No início, a lesminha é apenas um bicho lento e simpático, que vive a rotina de um pomar com os demais seres de sua espécie, almoçando tomates e lamentando as “baixas” contabilizadas a cada voo rasante dos pássaros das redondezas. À noite, antes de dormir, assiste aos VTs dos grandes prêmios da Fórmula Indy, imaginando se algum dia poderia ser como um piloto campeão. Até que….
Até que o filme toma o caminho errado, sai do universo mágico dos sonhos infantis e da rotina lúdica da horta para adentrar no mundo das corridas propriamente ditas. Ainda atendendo pelo nome Theo, a lesminha sofre um acidente, é eletrificada (ou algo do tipo) e adquire o superpoder da velocidade. Passa a se chamar Turbo. E vai parar nas 500 Milhas de Indianápolis, a mais tradicional prova do calendário norte-americano.
Theo, ou Turbo, lembra o porco-espinho azul Sonic, célebre personagem dos jogos de videogame que acelera para salvar os animais do vilão Robotnik. Em Turbo, o antagonista é o piloto multicampeão Guy Gagne, antes ídolo da lesma, agora adversário que se revela egoísta, aproveitador e antiético. A moral por trás da fábula é a do “você quer, você pode” – mesmo que seu sonho pareça impossível. Algo universal, mas pouco imaginativo, se lembrarmos do que a Dreamworks, e mais ainda a Pixar, tem sido capaz de produzir nos últimos anos.
Está na trilha sonora, recheada de raps que sampleiam canções do universo pop (Eye of the Tiger, por exemplo), um dos maiores apelos adultos de Turbo. Há de se ressaltar, no entanto, que a música cheia de camadas diferentes passa uma sensação de poluição sonora. Isso e a velocidade de algumas sequências dá a Turbo um ritmo frenético nem sempre fácil – ou prazeroso – de acompanhar.
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Turbo
De David Soren.
Animação, EUA, 2013. Duração: 96 minutos. Classificação: livre.
Em sessões de pré-estreia durante a semana, com estreia marcada para sexta-feira. Apenas em cópias dubladas, 3D ou convencionais.