De repente, uma viatura se aproxima e indaga os três senhores, querendo saber o que fazem ali sentados quase todos os dias, à beira da Rua Bonn.

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– E aposentado tem outra coisa para fazer? – responde Walmor Quintino.

– São vocês que estão fumando maconha? – insiste o policial.

– Se a gente quisesse fumar, fumava em qualquer lugar – retruca Geraldo Alves, já meio indignado.

Os agentes não se convencem e tentam arrancar a confissão de que os três são mesmo os usuários de maconha que nos últimos dias foram repetidamente denunciados por moradores. Era, claro, um mal-entendido.

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– Você deve estar de brincadeira, né? Aqui é tudo cidadão de bem – diz Hugo da Silva, dando a discussão por encerrada.

Resolvida a confusão, Hugo, 74 anos, Geraldo, 63, e Walmor, 66, seguem em sua rotina de se reunir à tarde para jogar conversa fora. Vizinhos e velhos amigos desde a década de 60, há quatro anos improvisaram um banco e uma cobertura na calçada da Rua Bonn para os seus bate-papos. Primeiro, o telhado foi feito com folhas de palmeira. Há cerca de dois anos, trocaram a vegetação por telhas. Muito dos materiais foi doado por gente da redondeza.

Os encontros entre os três seguem até umas 16h30min (depois cada um vai para sua casa ver telenovela) e ali discutem de tudo: de histórias do passado ao futebol atual. Quando o tema é política, por divergências ideológicas, a conversa costuma ser mais acalorada.

– Se a mulher está de boa-vontade, até traz café para nós – brinca Hugo.