O estrepitoso caso do Mensalão ainda vai dar muito pano para manga, mas a condenação evitou que a sociedade sofresse cruel decepção e aumentasse o descrédito pelo fim da impunidade. Contudo, a cassação dos mandatos de alguns deputados através do Supremo Tribunal Federal (STF) provocou reação da Câmara, que alega ser de sua alçada a consumação de tal desfecho. Não é de hoje que os poderes máximos da nação enveredam por caminhos conflitantes, provocando retardamento no veredicto dos mais diversos assuntos. Afinal, o que é que reza a Constituição? Quem está habilitado a interpretá-la com total isenção, ou seja, sem subterfúgios? Se os que estão no alto da pirâmide não se entendem, o que se dirá de quem está na base?

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Outro fato que causou estranheza foi a pretensão dos condenados de cumprir a pena nos locais de sua preferência. Fora todos esses contratempos, há ainda a levar em conta as mil e uma confusões que se verificam pelos quatro cantos do país. Corrupção, corporativismos, escândalos, saúde pública sempre a desejar, insegurança generalizada, citando alguns exemplos. Nossas leis são frágeis e além disso deixam muitas brechas, possibilitando interpretações as mais diversas. Isso leva a julgamentos intermináveis em que, não raro, os envolvidos em atitudes desabonadoras apostam em saídas que os favoreçam.

É preciso quebrar esse círculo vicioso, punindo exemplarmente quem fere a Constituição. Não podemos continuar a assistir impassíveis a crimes estarrecedores e que provocam lágrimas e desespero. Ninguém sente as dores do outro como ele próprio. Mesmo assim ainda persiste a ideia de que o infortúnio nunca nos atingirá, mas quando menos esperamos eis que recebemos sua detestável visita. Todo cuidado é pouco, portanto.