Após a morte da pequena Sofia Pereira, de 4 anos, vítima da dengue, e a vistoria “surpresa” do Ministério Público (MPSC), o Pronto Atendimento (PA) de Barra Velha implementou parte das melhorias que haviam sido exigidas pelo Promotor de Justiça. Entre as medidas, está a adição de mais cinco médicos para atuar na unidade. 

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A visita do MP foi realizada em meados de abril após a mãe da pequena Sofia denunciar o PA de Barra Velha por negligência médica. Depois da fiscalização, o Promotor de Justiça Renato Maia de Faria fez uma série de exigências para melhoria do atendimento no PA da cidade.

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Dengue em SC

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A adequação mais urgente era a da indicação de um profissional para assumir a responsabilidade técnica do PA, o que foi cumprido. Com isso, a médica Laura Regina Lopes Zimmerman foi nomeada em 18 de abril. Sobre o diretor clínico, foi realizada nesta terça-feira (7) a eleição com votação do corpo clínico para a escolha do profissional. O nome ainda não foi divulgado.

Além disso, o Promotor de Justiça destacou que também foram contratados cinco novos médicos para trabalhar na unidade, atendendo os apontamentos do MPSC e as recomendações do Conselho Regional de Medicina (CRM).

Sobre a contratação de laboratório para realização dos exames solicitados pelos médicos que integram o corpo clínico do PA, o prazo de 6 de maio estabelecido no despacho do MPSC não foi cumprido, devido à ausência de interessados na contratação direta, e um novo prazo foi firmado. Desta vez, o município tem até o dia 24 de maio para a implementação de laboratório de análises clínicas. 

Já a adequação da Farmácia 24 horas, conforme lista de padronização de medicamentos de urgência e emergência a ser encaminhada pelo CRM-SC, está em andamento, vencendo o prazo na próxima quinta-feira (9).

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Os demais apontamentos feitos pelo CRM, como a contratação da equipe de apoio, adequações nas instalações físicas do PA, a necessidade de uma sala de isolamento, a melhoria no nível de segurança dos programas para preenchimento de prontuários, além da necessidade da estruturação de comissões como a de Revisão de Prontuários, de Revisão de Óbito, de Controle de Infecção em Serviços de Saúde, estão com os prazos em andamento. A data final é 24 de maio de 2024. 

— Todo esse trabalho visa à melhoria no atendimento da saúde em Barra Velha, com pleno atendimento das normas previstas no Conselho Regional Federal de Medicina, garantindo, assim, ao cidadão, respeito aos seus direitos fundamentais — destaca o Promotor de Justiça. Ele ressaltou que a população de Barra Velha vai sentir no dia a dia o avanço no atendimento da saúde.

Morte da pequena Sofia impulsionou fiscalização

Além do luto, a mãe da criança, Ana Maria, encara o sentimento de revolta após a morte da filha. Isso porque, segundo ela, o caso teria sido negligenciado pelo médico que a atendeu no PA de Barra Velha.

A pequena Sofia teve os primeiros sintomas no dia 27 de março e foi levada ao PA da cidade. Mesmo tendo recebido a pulseira de prioridade no atendimento, a unidade estava cheia de pacientes e a família demorou para receber a assistência. Após medicada, Sofia foi liberada.

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Por conta da piora, a família realizou um teste particular de dengue, que deu positivo. No dia seguinte, a menina estava com inchaço nos olhos, rosto e barriga e foi novamente levada ao PA. Lá, sem exames, o médico disse à Ana que Sofia tinha gastroenterite bacteriana.

— Esse médico não pediu exame, não receitou remédio na veia, nada. Deu remédio comprimido, pomada — diz a mãe, que achou estranho o diagnóstico, já que a filha nunca teve um quadro de doença semelhante.

No outro dia, Sofia piorou e foi levada novamente ao PA de Barra Velha. Por conta da gravidade do quadro, a menina foi encaminhada a um hospital de Jaraguá do Sul, onde ficou internada. A criança não resistiu e morreu na unidade no dia 31 de março. 

— O médico de Jaraguá falou que se ele [médico do PA] tivesse pedido exame para ver que tipo de dengue ela estava, podia ter salvado ela. Fui para casa confiando nele — lembra Ana com revolta.

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Após o caso, a prefeitura da cidade exonerou o secretário de Saúde, Rogério Pinheiro, dois dias após a morte de Sofia. Além disso, o município afastou também preventivamente o médico que atendeu a menina, com objetivo de investigar a conduta médica. De acordo com informações da prefeitura, a decisão foi tomada em conjunto com o ex-secretário para que as atividades de investigação promovidas pela cidade não sofram interferências.

O MPSC também investiga as denúncias de possíveis negligências no atendimento médico prestado à pequena Sofia.

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