O menino que brincava de surfar com o pai e os amigos, na praia de Quatro Ilhas, em Bombinhas cresceu. E virou cidadão do mundo como esportista, um surfista vencedor.
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Na última quinta-feira ele voltou dos EUA para o quintal de casa com a mesma simplicidade, nem parecia ter conquistado o mais tradicional torneio da elite do Circuito Mundial. Alejo Muniz, 23 anos, se sente à vontade recarregando a energia com a família e amigos, depois de ser consagrado por uma multidão em Huntington Beach, na Califórnia.
>>> Confira entrevista com o surfista Alejo Muniz:
A primeira prancha de Alejo foi reformada a partir de uma encontrada num lixo, quando tinha cinco anos. O primeiro campeonato, ainda na praia de Quatro Ilhas, o fez tomar gosto pelo esporte.
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– Foi o meu primeiro tubo, de olhos fechados. Quando sai da água, todos diziam que eu tinha pego um tubo!
Na época, a família não tinha verbas para bancar a participação nas competições. Saiam num Fiat 147, em cinco pessoas, mais um macaquinho. Na maioria das vezes paravam na casa de amigos.
– Fico sem palavras para descrever sobre minha família. Eles são tudo.
Tranquilo e humilde, Alejo já não consegue passar despercebido. É parado a todo momento pelos vizinhos.
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– Tudo que conquistei devo a eles e ao surfe – avisa o campeão.
Para se ter noção da importância para ele dos amigos e de sua família, o surfista voltou para o Brasil para rever todos.
– Deu certo antes do Us Open na Califórnia. Estava numa maré de azar. Então vim pra cá treinar com meu irmão e fazer uma caldeirada de peixe com meus amigos e minha família. No dia da final fui surfar as 5h45min e quando saí vi o troféu e pensei: ele vai ser meu.
Na grande final, contra o jovem talento norte-americano Kolohe Andino, 19 anos, a emoção correu solta:
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– Ele pegou uma onda pequena então fiquei com a prioridade nos últimos três minutos. Quando acabou a multidão inteira berrava. Muitas bandeiras do Brasil.
Alejo faz questão de lembrar os ídolos do passado:
– Estamos onde estamos agora pela história que surfistas do passado como o Neco Padaratz e o Fabio Gouveia fizeram. Eles deram a base para chegar onde o Brasil esta agora. A maioria dos nossos patrocinadores não são brasileiros. Justamente por pensarem que pode sair um campeão mundial brasileiro.
E manda um recado:
– Nunca desistam dos seus sonhos. É possível. Não tem nada melhor do que realizar um sonho. Vamos correr atrás por mais difícil que seja.
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