Em 5 de maio de 2008, a ex-presidente Dilma Rousseff – à época ministra da Casa Civil – anunciou a duplicação da BR-280 a lideranças empresariais e políticas do Estado, com a estimativa de conclusão para o terceiro trimestre de 2010. Dez anos depois da promessa, o avanço das obras se aproxima do mesmo dígito: 12%.
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Orçado em mais de R$ 1 bilhão, o projeto, que compreende aproximadamente 74 quilômetros entre São Francisco do Sul e Jaraguá do Sul, esbarra em entraves burocráticos, erros nos editais e greves. Os atrasos, do planejamento à execução, se acumulam junto a outras questões: filas extensas, acidentes fatais e a descrença da população e de entidades sobre o fim dos trabalhos no trecho, considerado de grande importância para a economia do Estado por escoar a produção agrícola e industrial da região pelo porto.
Nesta semana, a reportagem percorreu os quilômetros compreendidos na duplicação para verificar a situação da obra. Dividida em três lotes, a pista dupla caminha lentamente em alguns pontos. Em outros, não há sequer marcas de que o projeto sairá do papel.
– Eu nem estou tão velho, mas acho que nesta vida não vou ver esta rodovia duplicada – brinca Antônio Padilha, 59 anos, que mora há oito nas margens da BR-280.
O marceneiro lembra que viu a duplicação passar perto de casa há cerca de três anos, com a abertura de uma nova pista e a realização de terraplanagem. De lá para cá, a frente de trabalho foi para outros trechos e o asfalto ainda não apareceu. Partindo do km 0 da estrada, as máquinas e caminhões, que sinalizam o andamento da obra, começam a ser avistados perto da casa de Padilha.
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O trecho onde ele reside é o compreendido no lote 2.2 – um dos mais adiantados da duplicação com 27% de conclusão. O trecho vai do km 36,7 ? perto do entroncamento com a BR-101 – até o trevo de acesso à Rodovia do Arroz, em Guaramirim, totalizando 14,1 quilômetros de extensão.
– No lote 2.1 e 2.2, tanto o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), na parte de fiscalização, quanto as empreiteiras têm total capacidade de executar essa obra (dois lotes) em quatro anos. O atraso é basicamente esse. O DNIT não recebe o recurso suficiente para ter um andamento adequado nas obras – explica o engenheiro Antônio Carlos Bessa, chefe de serviço do órgão federal em Joinville.
Ainda que exista essa capacidade, com o atual repasse dos recursos, o marceneiro Antônio pode demorar 10 anos para ver a duplicação finalizada. A estimativa repassada pelo engenheiro é baseada em uma média da atual liberação de verba.
Questionado sobre o atraso, o DNIT destaca em nota que, conforme os recursos disponibilizados entrem, o DNIT acompanha e fiscaliza a execução dos serviços, liberando os pagamentos de acordo com o que foi executado.
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