O ano era 2017 quando o economista Adir Dagostin precisou dar uma trégua na rotina por conta de uma úlcera nervosa. O estresse diário do trabalho no ramo financeiro em uma empresa de informática cobrava um preço. O morador de Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, procurou tratamento, mas mais do que isso, buscou mudanças no estilo de vida que perduraram desde então.
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No mesmo ano em que foi confrontado com a doença, Adir já decidiu dedicar um tempo para si, embarcar em um desafio, "dar um ar para a cabeça", nas palavras dele. Sozinho, viajou para percorrer 900 quilômetros de bicicleta ao longo do caminho francês para Santiago de Compostela, na Espanha.
Adir pegou gosto. No ano seguinte, ganhou a companhia de dois amigos para percorrer, a pé, os 270 quilômetros do caminho português que leva a Santiago de Compostela. Mas o ápice desse espírito aventureiro que só foi brotar recentemente no economista de 39 anos ocorreu no começo de abril deste ano.
Ele se juntou a um grupo de montanhistas de Campinas (SP) e partiu para uma expedição ao Monte Everest, o ponto mais alto do mundo, na região do Nepal, na Ásia. O trajeto percorrido pelo grupo foi até 5,7 mil metros, pouco acima do acampamento-base de expedicionistas, mais da metade do trajeto até o pico da montanha.
A escalada foi apenas a primeira parte da aventura que Adir pretende experimentar. Agora, ele pretende fazer cursos de montanhismo em gelo e, com a experiência da primeira subida feita neste mês, pode se credenciar para a ambição maior dele: subir os sete cumes do Everest.
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— Não é promessa, é mudança de perfil de vida, é mudança de hábito, aliado a uma vontade de autoconhecimento. Enfim, é um tempo necessário individual — explica.
Mudança no comportamento e fé na humanidade

Com toda essa nova rotina de aventura ao menos uma vez ao ano, a úlcera foi um problema que ficou para trás. Os novos hábitos também trouxeram um novo comportamento e gestos que o economista encara como sinônimos de evolução pessoal.
Parte disso é conquistado com o apoio da família, que costuma ficar no Brasil durante as aventuras de Adir, mas cujo apoio, segundo ele, é fundamental. Adir conta que a esposa e os dois filhos entendem que esse tempo para o individual é necessário.
— Isso ajudou a me tornar uma pessoa melhor, mais calma, tendo uma produtividade melhor, uma relação melhor com os filhos e esposa — conta.
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Curiosamente, o que mais chamou a atenção do morador de Chapecó na expedição ao Everest não esteve no alto das montanhas, mas sim nas características da população do Nepal. Ele conta que apesar de ser um país extremamente pobre, em que as pessoas têm condições difíceis de alimentação, a população demonstra um alto nível de educação e de solidariedade.
— O ensinamento que fica é que a gente acaba renovando os votos de humildade, e mostrando que ainda há esperança na humanidade — encerra.