Enquanto moradores de Lages fazem o possível para cobrir seus telhados e tentar recuperar móveis ou eletrodomésticos, especialistas do Museu Thiago de Castro fazem um trabalho bem mais minucioso, porém tão urgente quanto: uma complexa operação para impedir que o acervo histórico, atingido pela água após a chuva de granizo da segunda-feira, se deteriore e acabe sendo perdido. O trabalho deve durar pelo menos 15 dias, mas ainda é cedo para fazer uma estimativa precisa.
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Fundado na década de 1960, o museu fica na parte inferior da Fundação Cultural de Lages e é um dos mais importantes conjuntos de acervo histórico da região serrana. Entretanto, por ser um prédio antigo, costuma enfrentar problemas com inundações e infiltrações.
Adilson Freitas, diretor de Articulação e Difusão de Cultura da Fundação Cultural de Lages, explica que a operação começou no mesmo instante em que foi observada a possibilidade de a água atingir o acervo. Entretanto, mesmo com o trabalho da equipe, grande parte das peças ficou molhada – algo ainda mais preocupante em peças de ferro (que enferruja) ou de madeira (que trabalha), que são parte considerável do acervo.
Freitas explica que esses imprevistos são sempre contornados, embora com alguma dificuldade – menos nesta segunda-feira, quando foi necessário acionar restauradores às pressas para impedir que materiais com mais de um século de vida virassem lixo.
Praticamente todos os setores do acervo histórico foram atingidos pela água nesta segunda-feira, que escorreu pelas paredes e pingou do teto, diretamente sobre as peças, após a chuva. Restauradores usam papéis absorventes específicos para secar alguns objetos e ventiladores para secar outros.
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– Temos atas da Câmara de Lages, por exemplo, que são do fim do século 19. Estes documentos ficaram molhados e é preciso secá-los com urgência. Quanto mais tempo demorarmos, pior será o estrago – explica Carla de Souza, coordenadora do museu.
Já as peças mais antigas da sala de acervo documental estão passando por um trabalho manual, em que uma folha de papel é colocada entre cada página dos livros para secar as folhas. A tarefa, entretanto, não termina por aí:
– É preciso refazer esse trabalho a cada 24 horas, senão as folhas se umedecem e o nosso serviço perde o sentido. Uma gota de água em um livro, se não for cuidado, pode gerar microrganismos e estragar todo o material – explica Carla.