O ministro do Esporte, Orlando Silva, confirmou, na noite desta sexta-feira, que permanece na pasta. O anúncio foi feito depois de uma reunião com a presidente Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto.
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– Dilma recomendou que eu continuasse fazendo o meu trabalho – ressaltou o ministro, em entrevista coletiva.
Segundo ele, a presidente “mostrou-se absolutamente tranquila” às explicações dadas por ele, no encontro de hoje. De acordo com Orlando Silva, a presidente Dilma sugeriu serenidade e paciência e reafirmou “confiança e solidariedade”.
Ao final do encontro, no Palácio do Planalto, que começou às 19h, o ministro disse que apresentou à presidente um relatório contestando ponto a ponto as denúncias feitas pelo policial militar João Dias Ferreira em reportagem da revista Veja.
– Nós conseguimos provar a atitude correta que temos no Ministério do Esporte -disse Orlando Silva.
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O ministro também falou que ofereceu a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico, segundo ele, “porque quer a transparência máxima”.
A parte final da reunião de cerca de uma hora e meia, segundo o ministro, foi dedicada a assuntos do ministério.
Depois do encontro, Dilma afirmou que o governo “não condena ninguém sem provas e parte do princípio civilizatório da presunção da inocência”, segundo nota divulgada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.
– Não lutamos inutilmente para acabar com o arbítrio e não vamos aceitar que alguém seja condenado sumariamente – disse a presidente.
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Entenda o caso
15/10 – Em reportagem da revista Veja, o ex-policial João Dias, militante do PC do B preso no ano passado sob suspeita de desvio de dinheiro público, acusa Orlando Silva de montar esquema de corrupção e receber propina na sede do ministério. Segundo Dias, Orlando Silva chegou a receber, pessoalmente, dentro da garagem do Ministério do Esporte, remessas de dinheiro vivo.
De acordo com a reportagem, as organizações integrantes do programa Segundo Tempo só ganhavam os recursos mediante pagamento de uma taxa previamente negociada, que podia chegar a 20% do valor dos convênios. No mesmo dia, líderes da oposição pedem o afastamento do ministro Orlando Silva.
16/10 – Orlando Silva antecipa sua volta do México, onde acompanhava os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, após ser convocado pela presidente Dilma a dar explicações sobre as acusações de corrupção na pasta.
18/10 – O ministro participa de audiência pública na Câmara dos Deputados para prestar esclarecimentos. A audiência reuniu as comissões de Turismo e Desporto, Fiscalização e Controle. No mesmo dia, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, informa que irá investigar as denúncias que envolvem o Orlando Silva.
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O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, determina à Polícia Federal (PF) a proteção especial de João Dias Ferreira.
19/10 – Por decisão da presidente Dilma Rousseff, Orlando Silva passa a não ser o interlocutor do governo nas negociações da Copa de 2014 e na tramitação da Lei Geral da Copa no Congresso. As decisões relativas à Copa ficam centralizadas no Palácio do Planalto, nas mãos da presidente e da chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.
Orlando Silva, participa de audiência pública conjunta da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) e a Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) do Senado para prestar esclarecimentos.
No mesmo dia, o depoimento de uma testemunha, narrando em detalhes como teria entregue R$ 256 mil de propina a Agnelo Queiroz, em agosto de 2007, e um bilhete encontrado na casa do policial militar João Dias Ferreira, dono da ONG Febrak (Federação Brasiliense de Kung Fu), ligam o esquema de desvio de dinheiro do programa Segundo Tempo ao atual governador do Distrito Federal e ex-ministro do Esporte.
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21/10 – O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, solicita a abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar Orlando Silva e o ex-comandante da pasta Agnelo Queiroz, atual governador do Distrito Federal.