Enquanto fogos de artifício explodiam do lado de fora, no auditório havia só o silêncio. Fazia poucos minutos que a contagem dos votos tinha iniciado em todo o país. No bairro Itoupava Seca, em Blumenau, cerca de 20 pessoas ocupavam as cadeiras e conversavam em voz baixa. Décio Lima, o candidato ao governo de Santa Catarina pelo Partido dos Trabalhadores (PT), já não estava mais entre eles. Assim que a apuração começou, cumprimentou um por um com um sorriso e deixou a sala, descendo as escadas ao lado da mulher e candidata a deputada federal, Ana Paula Lima (PT). Os dois se recolheram em outro cômodo.
Continua depois da publicidade
Quando Décio apareceu na quarta colocação, onde se manteve até o fim, os olhos se voltaram para os celulares, disfarçando o clima de preocupação. Ninguém ousava comentar em voz alta a prévia para governador, a não ser quando nomes dos partidos de esquerda despontavam na preferência dos eleitores, inclusive em outros Estados. As forças se concentraram também em confirmar Fernando Haddad (PT) no segundo turno para a Presidência, o que rendeu o primeiro momento de comemoração da noite. O segundo foi quando Ana chegou perto de se tornar deputada federal, o que não se concretizou.
O local escolhido para acompanhar a apuração tem simbologia na história do PT: o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos. Uma referência à classe de onde surgiu o principal ícone do partido, Luiz Inácio Lula da Silva.
Conhecido pelo temperamento forte e incisivo, Décio Lima apostou numa versão mais tranquila, abraçando a ideia de unificação do partido no Estado. Mas não adiantou. Para ele, os resultados precisam ser refletidos sociologicamente.
– As pessoas votaram no desconhecido. Vamos torcer para que os resultados, do ponto de vista dos interesses do nosso povo, realmente aconteçam – resumiu, sem anunciar apoio a candidatos de SC no segundo turno.
Continua depois da publicidade