Da sacada do Edifício Majestic, na rua Curitiba, no Centro de Chapecó, Gilmar Dal Pozzo toma chimarrão com o cenário dos prédios da cidade ao fundo. É a última semana no Oeste, onde permaneceu mesmo após a demissão da Chapecoense, no dia 23 de maio. À frente do clube ele alcançou a Série A. O aproveitamento em 98 jogos foi de 58,5%.Dal Pozzo disse que recusou convites e aproveitou o período de um mês e 20 dias para acompanhar os esquemas táticos da Copa do Mundo e para ler. Um dos livros que está estudando no momento é “Mi Receta Del 4-4-2”, de Robert Moreno
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Ele também aproveitou para visitar o pai em Paraí-RS e curtir a família até as férias escolares da filha caçula, Letícia. Nesse período, procurou apartamento em Florianópolis, onde vai morar a partir de agosto, realizando um sonho que nutria desde o tempo em que jogou no Avaí, em 2004 e 2005. Como objetivo de trabalho, Dal Pozzo quer continuar no mercado do Sul do país. Confira a seguir a entrevista exclusiva que o técnico concedeu ao Diário Catarinense, entre uma cuia e outra de chimarrão.
Diário Catarinense – Está de mudança para Florianópolis?
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Gilmar Dal Pozzo – Eu tinha um planejamento de vida de morar em Florianópolis. É uma cidade que gostei de morar quando joguei no Avaí. Também tem universidade para as minhas filhas e fica bem localizada. Meu mercado é Santa Catarina e Curitiba.
DC – Como foi esse período após a saída da Chapecoense? Você estudou, teve propostas de outros clubes?
Dal Pozzo – Tive um convite oficial do Avaí. Fiquei feliz, mas agradeci e recusei. Também houve contato com meu empresário por parte do Vitória e de um time árabe. Queria descansar um pouco depois de um período de quase dois anos na Chapecoense. Pude ficar com a família, visitar meu pai no Rio Grande do Sul e conversar com o Tite quando ele esteve em Caxias do Sul. Aproveitei para estudar esquemas táticos e acompanhar os jogos da Copa do Mundo.
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DC – Que conclusões tirou da Copa do Mundo?
Dal Pozzo – Ninguém falou muito nisso, mas acho que foi ruim o Brasil, por ser sede, não ter disputado as eliminatórias contra seus rivais sul-americanos. O time nacional poderia ter oscilado na fase classificatória e chegaria mais preparado para o Mundial dentro de sua casa.
DC – Acha que o Tite assume a Seleção Brasileira?
Dal Pozzo – Eu torço para isso.
DC – Agora volta o Campeonato Brasileiro. Quais são as chances da Chapecoense?
Dal Pozzo – A Chapecoense tem condições de permanecer na Primeira Divisão. Fez alguns ajustes que tinha que fazer em relação a alguns atletas e trouxe alguns reforços importantes. Vou ficar na torcida para que a equipe continue na Série A do Brasileiro.
DC – Teve um episódio que causou constrangimento em Chapecó sobre uma comparação entre a Chapecoense e o Veranópolis, em entrevista para uma rádio de Veranópolis. O que você quis dizer?
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Dal Pozzo – Disse o mesmo que falei quando saí da Chapecoense, que no primeiro dia encontrei um cavalo no local de treinamento e sem a grama cortada. Sempre disse que o clube precisava se estruturar, com um centro de treinamento, academia própria, investimento nas categorias de base. A direção do clube está buscando isso, mas os resultados de campo vieram antes da estruturação. Mas vamos falar de coisas boas. A Chapecoense é uma potência. Representa uma região, tem mais de onze mil sócios e jogar aqui não é fácil para nenhum time. Sempre que vier Grêmio, Corinthians, vai lotar.
DC – O que ficou dessa passagem pela Chapecoense?
Dal Pozzo – Tenho orgulho de ter treinado e participado desse crescimento do clube. Eu cresci e o clube cresceu. Foi um casamento que deu certo. Principalmente porque eu sou de Quilombo, nasci na região e sei da importância da Chapecoense para todos. Quando jogava pelo Avaí vim aqui em 2005 e a torcida comemorou mais um gol do Inter do que da Chapecoense. Houve uma mudança e hoje o primeiro time é a Chapecoense. Conquistamos acessos para as séries B e A, vice-campeonato catarinense, vaga para Copa do Brasil e Taça Santa Catarina. Ficou um legado. E, quem sabe um dia, eu possa voltar.
DC – O que vai fazer agora? Já tem propostas?
Dal Pozzo – Estou no mercado. Na sexta-feira vou assistir Avaí e Ponte Preta, na Ressacada. No sábado vou ver Figueirense e Grêmio, no Orlando Scarpelli. Vou fazer o que fiz antes de treinar a Chapecoense. Assistir aos jogos e me qualificar.
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